Passos pede a eleitores que não deitem "tudo a perder” em 2015

Mensagem de Natal do primeiro-ministro abordou eleições legislativas do próximo ano.

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Passos garantiu para 2015 “uma recuperação assinalável do poder de compra de muitos portugueses” DR

Foi com a promessa de “um futuro aberto diante de nós” que o primeiro-ministro aproveitou nesta quinta-feira a tradicional mensagem de Natal para assinalar o arranque da campanha eleitoral que atingirá o seu ponto alto nas legislativas de 2015.

O último discurso de Natal de Pedro Passos Coelho nesta legislatura fica marcado pelo aviso que o chefe do Executivo deixa aos portugueses em relação ao próximo ano. O social-democrata quer que o seu partido vença as próximas eleições para “proteger o que já conseguimos juntos”: “Não queremos deitar tudo a perder”, disse já no final de uma mensagem que, apesar disso, foi maioritariamente ocupada pelo balanço dos seus anos de governação.

Mas o alerta para 2015 foi mesmo o mais relevante desta intervenção. De forma subtil — nunca se referindo às legislativas que aí vêm —, deixou implícita a relevância do próximo ano. “Temos ainda muitas escolhas a fazer para fortalecer o nosso presente e preparar o nosso futuro”, começou por afirmar. “Queremos, sim, construir uma sociedade com mais emprego, mais justiça, menos desigualdades, em que não haja privilégios nas mãos de um pequeno grupo com prejuízo para todos. Queremos que todos tenham uma justa oportunidade de decidir a sua própria vida.”

De forma subliminar, o primeiro-ministro avisou que mudar de políticas e de Governo seria, portanto, “deitar tudo a perder”. Sem uma única referência ao principal partido da oposição, que o seu partido tem colado à imagem de despesismo que empurrou o país para um resgate financeiro.

“Uma nova fase”
Passos Coelho não deixou também de apresentar os seus argumentos para o voto na direita. Sem promessas assumidas, o social-democrata traçou um cenário diferente para os próximos meses, fruto dos esforços destes últimos anos. “Mas este será o primeiro Natal desde há muitos anos em que os portugueses não terão a acumulação de nuvens negras no seu horizonte. Será o primeiro Natal desde há muitos anos em que temos o futuro aberto diante de nós. Houve muita coisa que mudou em todo este período e finalmente começamos a colher os frutos dessas transformações.”

Outro dos argumentos fora apresentado momentos antes, quando o chefe do Executivo assinalou a luz ao fundo do túnel. “Entrámos numa nova fase. Uma fase de crescimento, de aumento do emprego e de recuperação dos rendimentos das famílias. Entrámos numa nova fase em que podemos sentir cada vez mais confiança no futuro.”

Quantificou os ganhos dessa “nova fase”. Garantiu para 2015 “uma recuperação assinalável do poder de compra de muitos portugueses”. E assinalou o “alívio fiscal que a reforma fiscal irá trazer” para “quem tem filhos a seu cargo e familiares mais velhos na sua dependência”.

E, como é seu hábito, recorreu às finanças para mostrar trabalho e assinalar a diferença que o seu Governo representa. “Também preparámos um Orçamento que registará o défice mais baixo da nossa história democrática.”

O tom desta mensagem seguiu a linha da utilizada no Parlamento, no passado dia 12 de Dezembro, aquando do último debate quinzenal do ano. Aí, o líder social-democrata falou de um 2015 com “uma perspectiva bem mais positiva e esperança a todos os portugueses”. Na sua intervenção de abertura, defendeu que a economia portuguesa registava “um crescimento moderado” — mas “sustentado”.

Diferenças com Costa
A referência à importância do ano de 2015 foi o ponto em comum das mensagens de Passos Coelho e António Costa. O novo secretário-geral do PS — que antecipou a sua intervenção natalícia em alguns dias — também não desperdiçou a oportunidade para se referir às eleições legislativas no tempo de antena emitido esta semana: “2015 é o ano em que teremos oportunidade de começar o caminho de mudança.” Uma ideia reiterada quando, ao falar de 2015, desejou que este viesse a ser “mesmo novo, com novas opções, novas prioridades”.

As diferenças entre os dois políticos revelaram-se depois na forma como avaliaram o ano que agora termina. “Um ano extremamente importante” por se ter encerrado o programa de assistência financeiro “com uma saída limpa”, afirmava Passos Coelho. Que, assim, “ficará por muitos anos na nossa história como um marco decisivo de confirmação de um grande consenso nacional”, acrescentou. Um ano em que se começou “a sarar as feridas abertas por um processo tão doloroso como foi aquele que se iniciou em 2011”.

Era ainda o ano da “actual recuperação económica” que colocou a economia a “crescer acima da média da zona euro — algo que não sucedia há dez anos”.

O balanço feito por António Costa revelou um país mais sombrio. “Foi mais um ano difícil para a maioria dos portugueses", disse o ainda presidente da Câmara de Lisboa, citando as “dificuldades que atingem as famílias portuguesas, em todas as suas gerações, dos mais jovens aos mais idosos”, bem como a “incerteza no dia de amanhã que mina a confiança das pessoas e das empresas, para mais num contexto internacional instável”. Costa recordou, ainda, os “desfavorecidos”, “os que sofrem o desemprego, os doentes e os que vivem na solidão”. E falou da violência doméstica como algo que “envergonha” o país.

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