Passos: nenhum Governo afecta rendimento das pessoas "por prazer"

Sem se referir directamente ao PS, Passos Coelho disse que os "adversários" da coligação "detestam" que o PSD/CDS-PP recorde qual o "ponto de partida" em que, há quatro anos, o Executivo recebeu o país.

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Pedro Passos Coelho e Paulo Portas Enric Vives-Rubio/Arquivo

O líder da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP), Pedro Passos Coelho, disse hoje que o Governo recebeu do PS um país "em bancarrota" e que nenhum governante "aceita afectar o rendimento das pessoas por divertimento" ou "prazer".

"Qualquer cidadão de mediano bom senso sabe que não já nenhum Governo, nem nenhum governante, que aceite afectar o rendimento das pessoas ao ponto que nós tivemos de fazer por qualquer prazer, por qualquer divertimento", afirmou.

Segundo Passos Coelho, se o Governo PSD/CDS-PP o fez "foi rigorosamente porque não havia nenhuma outra maneira de um país sem dinheiro baixar o seu défice e a sua despesa e viver com o 'envelopezinho' financeiro que lhe foi entregue, negociado pelo governo anterior", de maioria PS.

O presidente do PSD e primeiro-ministro, acompanhado pelo vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP, Paulo Portas, falava na terça-feira à noite em Évora, durante um jantar com apoiantes da coligação que concorre às eleições legislativas de 04 de Outubro.

Sem se referir directamente ao PS, Passos Coelho disse que os "adversários" da coligação "detestam" que o PSD/CDS-PP recorde qual o "ponto de partida" em que, há quatro anos, o Executivo recebeu o país.

"E, na verdade, temos de o fazer porque tudo o que fizemos nos primeiros anos e muito do que fizemos nestes quatro anos não é dissociável desse ponto de partida", frisou, questionando se "alguém no Governo teria tomado a iniciativa de manter ou alargar cortes salariais ou em pensões se o país não estivesse em bancarrota?".

Durante a sua intervenção no jantar, Passos Coelho alertou para o perigo de, na sequência das próximas legislativas, se "voltar à velha política demagógica e proteccionista" que levou o país "à bancarrota e aos sacrifícios" dos últimos anos.

Estas eleições, prosseguiu, "mostrarão que, da mesma maneira que não foi um acaso o país entrar na bancarrota, também a recuperação da economia, o crescimento do emprego, o combate às desigualdades e um futuro por uma sociedade mais coesa e vigorosa não acontecerá por acaso, depende da vontade dos portugueses".

Venda do Novo Banco "não tem nada que ver com eleições"

Na mesma intervenção, o líder da coligação Portugal à Frente argumentou que a venda do Novo Banco não tem que ver "com as eleições" e apontou alegadas contradições do PS sobre este assunto. "Durante um tempo portávamo-nos muito mal porque queríamos vender muito depressa. Agora portamo-nos muito mal porque queremos vender só depois das eleições", ironizou, referindo-se às críticas do PS e questionando: "Ainda não perceberam que isto não tem nada que ver com as eleições?".

Neste processo, garantiu Passos Coelho, a actuação do Governo pautou-se "sempre", tal como o Banco de Portugal, por "duas preocupações". "Garantir a estabilidade do sistema financeiro e garantir que os depositantes, na altura do BES, como agora no Novo Banco, estejam sempre salvaguardados, que é isso que nos interessa", disse. O executivo do PSD/CDS-PP não quer "que sejam os portugueses a pagar as facturas de quem se portou mal no passado, tivessem eles estado no governo ou à frente de algumas empresas esperando ter um governo amigo que os pudesse salvar".

O presidente do PSD e primeiro-ministro, acompanhado pelo vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP, Paulo Portas, discursava no jantar que encerrou a jornada de terça-feira da coligação por terras alentejanas, que incluiu reuniões e visitas em Portalegre e Évora.

Passos Coelho, tal como já tinha feito em Portalegre, abordou a questão da venda do Novo Banco, processo que foi interrompido pelo Banco de Portugal. Segundo o anúncio do regulador, nesta terça-feira, vai agora começar a ser preparada uma nova operação de alienação do banco.

Reafirmando que "não pode haver privilégios no sistema financeiro, dentro do Estado e na economia", o líder social-democrata afirmou que "espanta que aqueles que mais acusam" o Governo "de fracassar na solução para a resolução do BES tenham sido os mesmos, e parece que não se lembram, que nacionalizaram o BPN".

"E, quando nacionalizaram o BPN, passaram a factura ao país inteiro, a todos os contribuintes que têm pago justamente essa nacionalização, com muita dívida que teve de ser emitida para pagar esses prejuízos", criticou.

O PS, agora, continuou, vem dizer que "devia ser o Governo a resolver o problema dos que foram enganados pelo Grupo Espírito Santo (GES)", mas os socialistas "falam tanto e têm de dizer tanto todos os dias que se esquecem do que disseram há um mês". "Há um mês atrás disseram que quem tem que resolver o problema dos lesados do GES são os tribunais. Mas, como as eleições se aproximam, é preciso começar a dizer coisas que agradem mais às pessoas, talvez, pensam eles. Então, agora, já não são os tribunais, é o Governo que tem de resolver", apontou.

No seu discurso, o cabeça-de-lista da coligação por Évora, António Costa da Silva, definiu como objectivo "não só eleger o deputado", dos três que são eleitos neste círculo, mas também "ganhar em Évora".

"Entrámos nestas eleições para ganhar. Primeiro para ganhar o país, mas também queremos ganhar em Évora. Não queremos só eleger o deputado, queremos ganhar em Évora. Évora não pode ficar cor-de-rosa", afirmou.

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