Passos enaltece duração da coligação PSD/CDS-PP

Na embaiaxada de Tóquio, Passos Coelho enviou mensagens aos eleitores e à oposição, justificando as agências de rating

Foto
As declarações de Passos Coelho foram feitas ao arrepio da tradicional norma de não comentar as vicissitudes da política nacional no estrangeiro Kimimasa Mayama/AFP

O primeiro-ministro enalteceu este sábado, no Japão, que o Governo PSD/CDS-PP esteja à beira de concretizar o “facto histórico” de ser o primeiro executivo de coligação a terminar o mandato, ao mesmo tempo que recusou falar de negociações com os centristas. No entanto, questionado sobre futuras negociações para renovar a coligação, Pedro Passos Coelho disse não querer falar sobre questões partidárias.

“Durante muitos anos, habituámo-nos a mudanças de Governo, que muitas vezes não eram bem compreendidas pelos portugueses, observávamos noutros países da Europa uma certa estabilidade das políticas e estabilidade dos governos também. Infelizmente, em Portugal isso nem sempre aconteceu, sobretudo quando os governos não tinham maiorias absolutas de um só partido”, disse. Uma declaração ao arrepio da tradicional norma de não comentar as vicissitudes da política nacional no estrangeiro.

“Estamos à beira de concretizar um facto que é histórico em Portugal: é que pela primeira vez temos um Governo de coligação que cumpre o seu mandato, que é um mandato de quatro anos. Isso só pode ter um significado muito positivo na nossa cultura política e para o futuro do país”, defendeu perante a comunidade lusa reunida na embaixada de Tóquio no final da visita de três dias.

Passos Coelho escusou-se a comentar as negociações entre o PSD e o CDS-PP, a  iniciarem-se após as eleições regionais na Madeira deste domingo. Contudo, destacou “a normalidade” que disse estar a viver-se em Portugal.

Também de sinal doméstico foi o comentário do primeiro-ministro sobre a posição das agências de rating face à dívida pública portuguesa, depois de na sexta-feira a Fitch ter mantido a classificação BB+, ou seja, de "lixo". “Não me surpreende, diria que até às eleições que se realizarão na segunda metade do ano, acho até muito pouco provável que alguma agência de notação financeira melhore o ‘rating’ de Portugal”, afirmou. Pedro Passos Coelho especificou que as agências preferem aguardar pelo acto eleitoral para aferir do prosseguimento do “caminho” de “consolidação orçamental” e “reformas estruturais”.

Para os especialistas, a decisão da Fitch é baseada na escassa confiança no cumprimento das metas do défice pelo actual Governo, pela revisão em baixa do potencial de crescimento e pelas incertezas eleitorais. Só este último aspecto foi valorizado por Passos Coelho, com mensagens aos eleitores e à oposição.

“É natural que [as agências] queiram aguardar pela realização das eleições para saber se este caminho que temos vindo a seguir prosseguirá ou não, em termos de consolidação orçamental, por um lado, e de realização de reformas estruturais importantes para a nossa economia, por outro. Isso nota-se no racional que é muitas vezes apontado nessas notas das agências de ‘rating’”, argumentou. E especificou: “Julgo que os factores políticos aqui são bastante relevantes. São eles que de alguma maneira nos indicam se a recuperação da economia portuguesa se manterá com este perfil que adquiriu nos últimos anos ou não”.

Foi , ainda, mais claro: “Apesar de o Governo estar muito comprometido com essa agenda, ninguém pode jurar que a seguir às eleições isso se vá manter.”

Sugerir correcção
Comentar