Passos diz que troika tem sido mais flexível com a Grécia do que com Portugal

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Passos Coelho à chegada a Bruxelas AFP/THIERRY CHARLIER

Primeiro-ministro diz que mais cedências à Grécia poderiam significar que o programa se arriscava a não ser bem sucedido.

As instituições que compõem a troika já não podem ser mais flexíveis do que têm sido com a Grécia, sob o risco de o programa não ser bem sucedido, defendeu esta sexta-feira Pedro Passos Coelho, em Bruxelas.

A falar à imprensa após a conclusão do Conselho Europeu, o primeiro-ministro recusou a ideia, defendida pelo Governo grego, de que possa estar a haver um tratamento discriminatório contra Atenas por parte da troika. “Antes pelo contrário. Tem havido uma flexibilidade [com a Grécia} muito maior do que houve no nosso caso”, disse Passos Coelho.

Na quarta-feira, Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego, afirmou que estavam a ser recusadas medidas à Grécia de uma forma que nunca tinha acontecido com Portugal e a Irlanda. Confrontado agora com essas declarações, o primeiro-ministro português, disse tratar-se de “uma falsa questão”, garantindo que “nem Portugal nem a Irlanda beneficiaram dessa flexibilidade”.

Passos Coelho fez aliás questão de deixar claro que considera que a troika já está a ir até ao limite daquilo que pode ceder. “Não creio que se possa ser mais flexível do que as instituições já foram. Porque se tal acontecer, o programa não funcionará e isso não é positivo para a Grécia. 

O responsável máximo do Governo português recusou ainda a ideia de que um acordo possa ser desbloqueado através de uma solução de carácter político. “Uma decisão política já foi tomada há vários meses quando em Fevereiro os Estados-membros concederam uma extensão de quatro meses ao programa”, disse, defendendo que “agora, as negociações são conduzidas pelas instituições e só regressarão à cimeira do euro se algo correr mal”.

Em relação ao andamento das negociações entre a Grécia e a troika, Passos Coelho não se quis alongar, revelando no entanto a mesma posição que tem sido assumida pela troika. “Continua a não existir uma dimensão estruturada que possa fazer acreditar que o programa possa ser bem sucedido. As instituições estão convencidas que sem uma dimensão estrutural, não basta enfrentar a questão orçamental para que se tenha sucesso”, disse, assumindo que “se estes aspectos forem enfrentados”, depois do programa se podem depois discutir questões como a reestruturação de dívida e um novo financiamento à Grécia.

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