Passos denuncia que solução governativa teve uma “agenda profundamente revanchista”

Líder do PSD esteve na Maia e falou das autárquicas para dizer que o partido espera ganhar uma “maioria de mandatos”. E disse esperar que o Porto possa dar um contributo para esse objectivo nacional.

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Passos Coelho no jantar de Reis na Maia esta segunda-feira LUSA/ESTELA SILVA

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, deixou claro esta segunda-feira à noite que não vai facilitar a vida ao Governo e declarou que a solução governativa encontrada por António Costa “teve uma agenda profundamente revanchista”.

“Um Governo que queira estar apostado numa agenda que traga crescimento e confiança para futuro tem que ser menos revanchista e tem que construir mais em cima daquilo que recebeu e este entendeu andar sempre a cavar debaixo dos pés, foi a sua escolha”, insurgiu-se o presidente social-democrata numa intervenção no jantar de Reis realizado esta segunda-feira, na cidade da Maia, organizado pela distrital do PSD e da JSD do Porto.

Passos aproveitou o jantar para fazer um balanço da acção governativa durante o ano que agora terminou e deteve-se no “fraco crescimento económico” que o país teve. Insistiu que “esta solução de Governo teve uma agenda (…) profundamente revanchista e que o executivo e a sua maioria tratou de se afirmar contra o Governo anterior", “cavando debaixo dos pés ao reverter uma série de medidas de natureza estrutural”. “Isso atrasou para o futuro a recuperação que estávamos a fazer”, sustentou.

“Não creio que houvesse uma necessidade extrema de um novo Governo se afirmar contra o anterior só porque o anterior tinha procurado tirar o país da bancarrota em que o PS o deixou e, por isso, executado um programa difícil”, salientou.

Depois, o ex-primeiro-ministro decidiu fazer comparações com outros países europeus que “fizeram políticas bastante difíceis” para dizer que o ano de 2016 “terminará com um crescimento económico superior àquele que o Governo por fim reviu”, mas, ainda assim, “foi um ano com pior desempenho económico que o ano anterior”.

“Não só foi pior que 2015, como foi muito pior do que aquele que foi observado em Espanha, na Irlanda (…), países que também passaram por circunstâncias particularmente adversas”, comparou o presidente do PSD, afirmando que Portugal está a “ficar para trás”.

O líder do partido começou a sua intervenção a falar de autárquicas, um tema que tem estado sempre afastado dos seus discursos, mas onde se deteve mesmo foi nas críticas ao Governo de António Costa. Falou dos custos que a recente ida do Estado ao mercado para se financiar, pagando os juros a 4,22%, terá para o pais, garantindo que o valor dos juros “serão pagos por todos nós durante os próximos dez anos” e voltou a falar da Taxa Social Única (TSU), avisando que o “PSD não servirá para que o Governo faça aprovar esta matéria”.

A este propósito, acusou o Governo de Costa de ter uma atitude “chantagista”. E declarou: “Eu já prestei muitas declarações sobre esta matéria do salário mínimo nacional e da TSU e não sinto necessidade de acrescentar mais nada, nem de justificar mais nada”.

“Os primeiros-ministros têm de resolver chatices todos os dias. Se isto é uma chatice para ele, ele resolvê-la-á dentro do Governo e da maioria”, atirou, para sublinhar que o PSD não estará disponível para resolver os problemas do executivo, porque – sustentou – “do ponto de vista democrático seria uma perversão”.

“O Governo que não se fie e que resolva as divergências dentro da maioria que escolheu”, aconselhou o ex-primeiro-ministro.

Quantas às eleições autárquicas deste ano, Passos elevou a fasquia, ao afirmar que o PSD espera ganhar uma “maioria de mandatos”, um objectivo que, assume, “não será fáci"l, mas que está ao "alcance” do partido. “Nós temos a expectativa de poder nestas eleições alcançar uma maioria de mandatos, quer nas câmaras municipais, quer nas juntas de freguesia”, assumiu Passos.

Perante uma plateia com muitos autarcas, o presidente do partido disse ter a certeza “que o distrito do Porto, apesar de já ter um resultado muito significativo em termos de representação do PSD nas autarquias locais, pode dar um contributo para este objectivo nacional, alargando os resultados de sucesso no distrito”.

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