Passos culpa Portas pela crise política

Primeiro-ministro espera solução no interior da coligação "nos próximos dias" ou "nas próximas horas".

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Pedro Passos Coelho nesta quarta-feira em Berlim BARBARA SAX/Reuters

Pedro Passos Coelho viu-se obrigado nesta quarta-feira a justificar a sua presença em Berlim em plena crise política na coligação de governo. Uma crise que o primeiro-ministro espera resolver “nos próximos dias” ou horas. Diz aguardar uma resposta “à situação criada pelo senhor ministro de Estado e dos Negócios estrangeiros”, Paulo Portas.

Na capital alemã, onde nesta quarta-feira se encontrou com os restantes chefes de Estado e de governo europeus para uma conferência sobre emprego jovem, Passos voltou a afirmar que não se demite, lembrando que tem uma maioria no Parlamento.

Em conferência de imprensa no final dos trabalhos dos líderes europeus, Passos reconheceu que existe “alguma ambiguidade” sobre a forma como a coligação que suporta o Governo irá ultrapassar a crise política desencadeada pela demissão de Paulo Portas. Mas quis dar “uma palavra tranquilizadora”, mostrando-se empenhado em encontrar uma “solução política” que não desfaça aquilo que disse ser o caminho dos últimos dois anos de governo. Com que solução se compromete? Sobre isso Passos foi omisso e pediu “compreensão”.

A mensagem que levou a Berlim foi a de que tem “grande expectativa” de que crise política seja ultrapassada. Isto antes de se saber, no rescaldo da reunião da comissão executiva do CDS-PP, que Portas está disposto a negociar o acordo de coligação.

Antes de o PÚBLICO noticiar a abertura do CDS para negociar o acordo de coligação com o PSD, Passos dizia: “Não há nenhuma razão para não termos estabilidade política.” “Está nas nossas mãos resolver [a incerteza]", afirmou, considerando que os portugueses estarão assustados com a possibilidade de eleições antecipadas.

"Até hoje, apesar de todas as diferenças, PSD e CDS, os partidos da coligação governamental, têm conseguido colocar o interesse nacional à frente de todas as pequenas divergências, que são naturais entre duas forças políticas diferentes. PSD e CDS têm mostrado ao país que a maioria funciona, tendo Portugal conseguido da troika avaliações positivas e a correcção de desequilíbrios macroeconómicos. Não é agora que vamos pôr isso tudo em causa. Isso não seria compreensível. Não me conformo com essa situação", afirmou.

Em Berlim, o primeiro-ministro começou por apresentar as conclusões da conferência de líderes, centrada na iniciativa europeia de incentivo ao emprego jovem, enfatizando ser “muito importante manter” a sua participação nos encontros ao mais alto nível. “Permitiu expressar a todos os chefes de Estado e de governo aqui presentes a minha confiança em como seremos capazes de ultrapassar [as dificuldades políticas]”, disse.

Passos fez um balanço positivo dos dois anos de governo, falando em “sinais bastante encorajadores do lado da economia” para defender a importância de o país não ir para eleições antecipadas, porque acredita haver condições para manter a estabilidade política.

A escolha de Maria Luís Albuquerque para suceder a Vítor Gaspar na pasta das Finanças foi referida pelo primeiro-ministro por ser “bastante bem acolhida” pelos parceiros europeus e instituições europeias. Mas nada disse sobre as divergências de Portas nesta matéria, elogiando antes o papel de Albuquerque, até aqui secretária de Estado do Tesouro, na estratégia de regresso de Portugal ao financiamento nos mercados de dívida soberana.
 
 
 
 

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