Passos "destrava" solução para o Ramal da Lousã, mas não se compromete com o Metro Mondego

Primeiro-ministro disse não querer fazer promessas eleitorais, mas garantiu que o "processo em curso" será candidato já ao próximo quadro comunitário de apoio. A solução deverá passar por autocarros eléctricos e não pelo Metro Mondego.

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Passos Coelho referiu como alternativa possível a criação de uma rede de autocarros eléctricos, mas não se alongou em explicações Paulo Ricca/Arquivo

Pedro Passos Coelho bem tenta evitar passar a imagem de que está a fazer campanha eleitoral, mas este sábado, em Miranda do Corvo, acabou mesmo por fazer uma promessa: fazer "andar para a frente" uma solução para o Ramal da Lousã e candidatá-la já ao próximo quadro comunitário de apoio.

"Não é um processo esquecido, muito pelo contrário, vai andar para a frente", afirmou o primeiro-ministro, que se mostrou preocupado em "não confundir" as suas palavras com campanha eleitoral, mas garantiu de imediato que "o processo está em curso e será candidato ao próximo programa" de investimentos.

"Julgo que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) está nesta altura a ultimar o estudo de viabilidade que exige que se estudem também alternativas, para as poder comparar, usando o mesmo veículo de infraestrutura que já está colocado. A possibilidade de alternativas passa por ter ligações com autocarros elétricos", disse o chefe do Governo.

Pedro Passos Coelho, que presidia à cerimónia de apresentação de um livro com casos de sucesso de pessoas com deficiência da Fundação ADFP, adiantou que será promovida uma discussão pública para definir qual o melhor sistema de transporte a implementar no antigo canal ferroviário entre Serpins (Lousã) e Coimbra.

Segundo o primeiro-ministro, a decisão que for tomada será "aquela que for mais racional e a que melhor nos servir a todos, na certeza de que este não é um projeto que tenha ficado esquecido, mas, pelo contrário, é um projeto que vai andar para a frente".

O líder do Governo assumiu que o processo está a decorrer e que várias entidades, entre elas as Câmaras Municipais de Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra, vão poder participar activamente na decisão, que será depois candidatada no próximo Programa Operacional da Região Centro.

"O projecto está previsto nas obras públicas até 2020 e teremos possibilidade de candidatar, pelo menos esta primeira fase, já no próximo quadro financeiro de apoio europeu", sublinhou o governante, que não assumiu nenhum compromisso com o projecto de metropolitano ligeiro de superfície na cidade de Coimbra, também integrado no Sistema de Mobilidade do Mondego.

O primeiro-ministro salientou, ainda, que não fez "nenhum compromisso" com o Metro do Mondego na cidade de Coimbra. A execução do projecto, inserido no Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), contempla a instalação de um metro ligeiro de superfície do tipo “tram-train” – com capacidade para circular nos eixos ferroviários, urbanos, suburbanos e regionais – na cidade de Coimbra e no Ramal da Lousã, onde as obras foram iniciadas mas estão interrompidas.

"Ainda hoje não temos a certeza de que o projecto seja viável, embora estejamos mais próximos de uma solução para esse problema, que depende muito de como conseguirmos com a Câmara de Coimbra valorizar terrenos dentro da cidade para poder dar sustentabilidade a um projecto mais ambicioso", frisou o governante.

A 2 de Dezembro de 2009, os comboios deixaram de circular no Ramal da Lousã, primeiro apenas entre Serpins e Miranda e, um mês depois, em toda a extensão da ferrovia, no âmbito do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), cujas obras arrancaram no início do mesmo ano, mas vieram a ser suspensas por razões financeiras.

No final de 2010, o Governo suprimiu às duas empreitadas em curso os trabalhos de colocação de plataformas na via, dos carris, bem como de toda a catenária (sistema de alimentação elétrica), justificando a decisão com os cortes do Plano de Estabilização e Crescimento (PEC) 3.

O Ramal da Lousã foi desactivado em Janeiro de 2010, estando concluída, no âmbito do projeto do Metro Mondego que o deveria substituir, apenas parte das empreitadas entre Alto de São João (Coimbra) e Serpins (Lousã), correspondentes à Linha Verde da primeira fase do projecto. As obras foram interrompidas após um investimento de cerca de 140 milhões de euros

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