Passos diz-se “muito disponível” para o debate, Costa desafia para “uma propostazinha”

O ex-primeiro-ministro avisou para alguns perigos das reformas do PS mas mostrou-se disponível para aS debater. Costa classifica a posição do PSD como “bizarra” e diz que “uma propostazinha” já era algo.

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Passos Coelho Miguel Manso

Pedro Passos Coelho criticou esta quinta-feira, em Bruxelas, a estratégia económica do Governo e alertou que os problemas do passado podem regressar.

"Portugal está a adoptar um estratégia errada que não apoia o investimento e não aumenta a competitividade económica", alertou o presidente do PSD à entrada para uma reunião do Partido Popular Europeu que antecede a Cimeira Europeia.

“Se se alivia demais e se se torna muito complacente, aquilo que se passa é que, a prazo, pagaremos todos um preço mais elevado, como já pagámos no passado,” disse Pedro Passos Coelho.

O ex-primeiro ministro criticou o actual Governo por “desfazer” o caminho que permitiu ao país chegar a uma posição mais confortável, apontando nomeadamente as opções de apoiar o consumo em vez das exportações, bem como de aumentar o salário mínimo acima da produtividade.

Para Passos Coelho é apenas uma “aparência” o aumento de rendimentos. “O Governo está a dar com uma mão e a tirar com outra”, disse, referindo-se implicitamente ao aumento de impostos indirectos.

Para Passos Coelho é apenas uma “aparência” o aumento de rendimentos. “O Governo está a dar com uma mão e a tirar com outra”, disse, referindo-se implicitamente ao aumento de impostos indirectos.

Refutando as acusações feitas pelo primeiro-ministro, António Costa, no dia anterior, o líder social-democrata assegurou que “não há nem nenhum rancor nem nenhum azedume”. Garantiu que o PSD está “muito disponível para discutir as reformas”, mas que para isso é necessário que o Governo “ande para trás” na sua política de as “desfazer”.

Passos Coelho salientou a “conhecida divergência” com o PS em matéria de estratégia económica, mas que nem por isso o PSD fica fora de qualquer debate. Insistiu que não se conhece “nenhuma intenção de impulso reformista” e que o que o Governo PS está a fazer e propor é “desfazer no essencial muitas das reformas que foram feitas” durante os anos em que o social-democrata liderou o executivo.

"Não tem nada a ver, como vê, nem com azedumes, nem com birras, nem com coisa nenhuma, tem a ver com a leitura que temos dos factos", concluiu o social-democrata.

Costa pede postura construtiva
Horas depois das declarações de Passos Coelho, o actual primeiro-ministro António Costa disse ser natural que o Governo não possa contar com o PSD, e gracejou com a postura que o principal partido da oposição assumiu durante o debate do Orçamento.

Classificou como “bizarra” a situação de um partido “que entende que agora não deve participar nos debates a não ser para votar contra tudo o que é apresentado” e recomendou que os sociais-democratas assumam uma “postura construtiva”, relembrando que “continuaremos a ter dia e continuaremos a ter noite mesmo que o PSD não contribua para isso”.

Relativamente às declarações de Passos Coelho, que diz que o PSD está “muito disponível” para debater reformas, Costa comentou: “Já não é mau que, desta vez, o PSD não se limite a dizer que votará contra e sem apresentar propostas de alteração, como fez neste debate do orçamento”.

“Se apresentarem uma propostazinha [sobre o Programa Nacional de Reformas] já é algo”, rematou o líder do executivo. com Lusa

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