Passos Coelho: Governo está a tentar justificar mudança de posição no negócio da Vivo

Foto
Passos Coelho responde assim a acusações do PS de se ter rendido aos interesses espanhóis Nélson Garrido

O líder do PSD considerou hoje que o Governo está a tentar encontrar uma forma de justificar a mudança de posição no negócio da Vivo, em contraponto com a “coerência” dos sociais democratas na matéria.

Instado a comentar as acusações deixadas na quinta-feira pelo ministro da Presidência de que o PSD tem posições coincidentes com a imprensa espanhola sobre o negócio da Vivo, o líder social democrata, Pedro Passos Coelho, escusou-se a fazer qualquer comentário.

“Não sinto qualquer necessidade de esclarecer, nem vejo que essa afirmação do ministro da Presidência mereça qualquer comentário”, afirmou.

Perante a insistência dos jornalistas, Passos Coelho acabou, contudo, por reiterar a “coerência muito grande” do partido na matéria, voltando a defender que o Estado não deveria intervir no processo e que a vontade prevalecente devia ser dos accionistas da PT.

“O Governo é que está agora a tentar encontrar uma forma de justificar a sua mudança de posição, porque em primeira linha o Governo não reconheceu a decisão que a Assembleia Geral da PT tomou e agora aceita a que a administração da PT tomou”, frisou, considerando que “quem teve dois pesos e duas medidas foi o Governo, não foi o PSD”.

Interrogado se não entende que o negócio com a Oi protege melhores os interesses nacionais, o líder do PS notou que a única diferença entre a decisão da PT quase há um mês atrás e a decisão de agora no que toca ao preço da alienação da participação que detém na Vivo é que “na primeira versão a PT receberia 7 mil 150 milhões de euros e depois poderia ir ao mercado ver qual era a melhor opção de reinvestir esse dinheiro, na Oi, nestes termos ou noutros termos”.

Agora, continuou, a PT vai receber 4,5 mil milhões à cabeça, daqui a meio ano vai receber mais mil milhões de euros e daqui a um ano vai receber mais dois mil milhões de euros, num total de 7,5 mil milhões.

“Do meu ponto de vista esta segunda hipótese tem mais risco do que a primeira, é praticamente a mesma, com um pouco mais de risco”, referiu.

Por outro lado, acrescentou ainda Passos Coelho, se o Estado e o Governo não tivessem intervindo, “a PT iria negociar com 7 mil milhões no bolso a melhor aplicação que poderia fazer para futuro, sem pressa de encontrar uma saída para uma situação que foi criada pela intervenção do Governo”.

“No essencial, o negócio não muda muito, é basicamente o mesmo, talvez agora com um pouco mais de risco, o Governo é que precisa de encontrar uma forma de dizer que o superior interesse estratégico nacional passava a ser coberto por uma negociação que entretanto ocorreu com a Oi e por 300 milhões de euros de diferença”, sintetizou.

A PT anunciou esta semana um acordo com a espanhola Telefónica para compra da Vivo e a sua entrada na operadora brasileira Oi.

No negócio, a Telefónica pagará à PT pela parte na Vivo 7,5 mil milhões de euros, em três tranches até Outubro de 2011.

A operadora portuguesa anunciou ainda que vai entrar na Oi com uma participação de 22,4 por cento, oferecendo um preço de 3,65 mil milhões de euros.

Sugerir correcção
Comentar