Passos afirma que mudou forma de fazer política e isso causa incómodo

Primeiro-ministro recebeu o apoio do Conselho Nacional do PSD pela forma como geriu o caso Tecnoforma.

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Na reunião de sexta-feira à noite, Passos referiu-se de forma enigmática a um "mensageiro" que o terá advertido que o Governo não ia durar muito Daniel Rocha

O presidente do PSD afirmou nesta sexta-feira que existe incómodo com as mudanças que introduziu na forma de fazer política em Portugal e falou num "mensageiro" que o terá advertido que o Governo não ia durar muito.

Estas afirmações foram feitas por Pedro Passos Coelho perante o Conselho Nacional do PSD, disseram à agência Lusa dirigentes que estiveram na reunião deste órgão, realizada na sexta-feira, em Lisboa, durante a qual o primeiro-ministro recebeu palavras de apoio a propósito da polémica em torno da sua relação com a empresa Tecnoforma e dos seus rendimentos enquanto foi deputado em exclusividade.

De acordo com estes dirigentes, na sua intervenção final, o presidente do PSD referiu-se a "um mensageiro" que terá recebido esta semana, e que lhe terá dito que o seu Governo não ia durar muito porque se tinha metido com determinada pessoa — uma menção ambígua, em que não identificou ninguém, e que deixou nalguns a dúvida sobre se era um relato literal ou figurativo.

Passos Coelho não falou directamente da polémica em que esteve envolvido nos últimos dias, apenas agradeceu as palavras de apoio dos conselheiros nacionais do PSD e declarou que tudo o que tinha a dizer sobre o assunto disse na sexta-feira de manhã na Assembleia da República.

Segundo as fontes contactadas pela Lusa, a maior parte das intervenções nesta reunião extraordinária do maior órgão do PSD entre congressos foram sobre a natalidade, o primeiro tema na agenda da reunião de sexta-feira, e as referências à polémica em torno da Tecnoforma foram todas de apoio ao primeiro-ministro.

Durante o debate quinzenal de sexta-feira, no seu discurso inicial, Pedro Passos Coelho sugeriu que a forma como decide pode "desagradar" a "pessoas com alguma influência" e desafiou quem está por trás das acusações sobre os seus rendimentos a apresentar provas.

O chefe do executivo PSD/CDS-PP afirmou que é "uma pessoa remediada", mas que isso não o condiciona nas suas decisões: "Portanto, nunca na minha vida, em lugares públicos ou de outra natureza, exerci ou decidi senão de acordo com a minha consciência, mesmo que isso possa desagradar a algumas pessoas com alguma influência".

"Quero, no entanto, dizer ao parlamento que, se é verdade, portanto, que as acusações que me fazem não têm fundamento, me é muito difícil apresentar elementos de prova e fotografias de rendimentos fantasmas que eu não tenho. Espero, portanto, que aqueles que sustentam as suas acusações o possam publicamente comprovar", acrescentou.

Mais à frente, no mesmo discurso, Passos Coelho voltou a sugerir que "alguém importante" está a procurar incriminá-lo, a propósito do acesso da comunicação social a declarações suas de IRS.

"A ideia de que existam declarações que eu não apresentei sequer aqui ao parlamento e a que senhores jornalistas tenham tido acesso, a acontecer, representa uma violação do Estado de direito e seguramente que alguma coisa não funciona bem quando alguém importante entende que é preciso fazer insinuações", considerou.

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