Passos admite que 2012 foi o ano mais difícil desde 1974

No último debate quinzenal parlamentar de 2012, o primeiro-ministro diz que este ano "foi um ano de reformas que nunca tinham sido vistas"

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Passos Coelho diz que as medidas tomadas pretendem garantir que uma crise "destas não volte mais a ocorrer” Daniel Rocha

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assumiu esta sexta-feira que este ano “foi dos mais difíceis” de que tem memória desde 1974, mas também foi o ano que – disse – “mais semeámos para o futuro para que uma crise destas não volte mais a ocorrer”.

“Este foi o ano das maiores dificuldades, e também de muito sofrimento para muitos portugueses, que sentiram na sua própria pele, na sua própria vida, não apenas a promessa de que tínhamos de pagar muitos desvarios de política económica, mas que tinha chegado a hora mesmo de os pagar e que, portanto, a vida se tornou muito difícil para a generalidade dos portugueses”, reconheceu o primeiro-ministro.

No último debate quinzenal do ano, Pedro Passos Coelho declarou que a “nível interno foi um ano de reformas que nunca tinham sido vistas, reformas essas que já deviam ter sido feitas há muito tempo, mas que estavam postas na gaveta”.

Mas foi pelas questões da Europa que o chefe do Governo iniciou a sua intervenção, na qual destacou a importância de os líderes europeus terem percebido que a união bancária é “essencial”, tendo revelado que foi acordada a criação de uma entidade única de supervisão bancária na Europa.

“No contexto europeu tivemos durante todo o ano de 2012 uma resposta para os problemas, tentando estabilizar a situação financeira, sobretudo dos países com excesso de dívida, como Portugal, Irlanda e Grécia, que pediram resgate”, apontou Passos, sublinhando que “foi um ano de ganhos em termos europeus embora haja riscos ainda assinaláveis em 2013 e nos anos seguintes”.

António José Seguro, líder do PS, manifestou na sua primeira intervenção discordância pelo caminho escolhido pelo Governo, contrapondo que a alternativa seria apostar no crescimento e no emprego. “O caminho da austeridade a qualquer preço é errado”, sublinhou o líder do principal partido da oposição, salientando que “isso tem prejuízos enormes para a Europa e para Portugal”.

António José Seguro acusou o primeiro-ministro de ser apenas um "comentador da política europeia" em vez de ser "um líder" político "a defender os interesses de Portugal". O duelo entre Passos Coelho e Seguro mostrou uma divergência sobre a trajectória das taxas de juro. O secretário-geral do PS garantiu que a descida começou em Setembro passado quando o presidente do Banco Central Europeu disse que faria tudo para salvar o euro. "Imagine que o Governo se juntasse ao PS e pedisse um papel mais activo do BCE", atirou Seguro. Na resposta, o primeiro-ministro sustentou que os juros da dívida começaram a descer "consistentemente desde Fevereiro de 2012". 

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