PAN quer cidade mais ética e Lisboa como “capital do diálogo entre culturas”

Partido pelos Animais defende o fim das touradas, dos circos com animais e preconiza, por exemplo, visitas escolares a canis e gatis.

Foto
Pedro Cunha

Transformar Lisboa na “capital do diálogo entre as culturas” foi uma das ideias defendidas pelo candidato do PAN à presidência da autarquia, Paulo Borges, esta sexta-feira na apresentação de um manifesto pela cultura, em Lisboa.

“Devíamos trazer para a Europa outros modelos culturais ainda sobreviventes, que são mais éticos, mais saudáveis, mais sustentáveis”, afirmou o candidato, explicando que a cidade poderia ser um ponto de encontro para “discutir alternativas” ao modelo de civilização vigente.

A ideia seria transformar Lisboa num local de referência para “encontros científicos” nos quais se debatessem “soluções para a crise civilizacional”. “Nós pensamos que isso podia tornar Lisboa uma referência a nível europeu e mundial. E ter também um forte impacto económico em termos de turismo”, afirmou, acrescentando que a meta é ter “uma cidade ética, saudável e sustentável”.

A proposta foi explicada à margem da apresentação do Manifesto-Movimento pela Cultura, que decorreu esta quinta-feira no Largo de São Carlos, em Lisboa. Segundo Paulo Borges, o “grande objectivo” deste documento é “recordar que há outras culturas que não apenas as letras, as artes e as ciências” e que essas outras formas de cultura passam pela promoção de uma “consciência ética e solidária”, que englobe “todos os seres vivos do planeta”.

“É essa cultura que é necessária para uma mudança da civilização que tenha também uma outra expressão a nível económico, político e social”, afirmou.

Este partido defende a promoção de “valores humanos”, como “o amor e a compaixão” que, segundo Paulo Borges, “estão esquecidos da política”. O candidato entende que a actual crise económica é sobretudo uma crise “dos valores” e propõe outro modelo de sociedade que passe mais pelo lazer e menos pelo trabalho, mais pela “criatividade” e menos pela “ganância”.

“Tudo se mede em termos quantitativos, de produção e de consumo”, afirmou, alertando para o facto de o planeta “não suportar mais este modelo de crescimento” e de os recursos naturais serem finitos. “E nós não estamos a pensar em alternativas para isso, nem nas gerações futuras”, alertou, considerando que o modelo vigente está a “deixar o planeta devastado”.

É a “urgência de repensar o modo de estar” que o PAN quer trazer para a política e não apenas “medidas de circunstância”. “Não estamos aqui preocupados em gerir a crise e ver onde é que podemos cortar”, disse, frisando que querem “ir ao fundo, às raízes da crise”.

Ainda assim, o PAN tem no seu programa algumas medidas mais concretas que passam, entre outras, pela reabilitação dos espaços devolutos, por criar uma cidade mais sustentável, por incentivar a produção e consumo locais, por fomentar os mercados de bairro e as iniciativas de trocas de produtos, que reforcem os laços sociais. Quer também investir nas hortas urbanas, que levem “o campo para a cidade” e tornem “Lisboa mais sustentável em termos alimentares”.

O aumento das ciclovias e a aposta nos transportes públicos são outras das propostas. No que respeita aos animais, defendem o fim das touradas, dos circos com animais e preconizam, por exemplo, visitas escolares a canis e gatis que respeitem os direitos dos animais e que possam incentivar as crianças a adoptarem um animal.

Já no que toca a resultados eleitorais, as duas metas do PAN passam por eleger, pelo menos, um deputado municipal e superar o resultado das eleições legislativas – 1,52 por cento. A candidata à vice-presidência do município é a escritora Manuela Gonzaga e o manifesto apresentado esta quinta-feira conta com o apoio, entre outros, do maestro António Vitorino de Almeida e do escritor e ensaísta Miguel Real. Depois da apresentação do documento, os apoiantes foram declamar poesia para o Chiado.

 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar