Os socialistas na Península Ibérica

Do lado de lá da fronteira o terramoto político. Por cá a liderança de Seguro treme.

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AFP

O pior resultado da história do PSOE, com 23% dos votos, levou Alfredo Pérez Rubalcaba a atirar a toalha ao chão. O líder dos socialistas espanhóis foi a primeira baixa das eleições europeias, tendo no imediato convocado um congresso extraordinário, no qual não se candidata. Além de perder, Rubalcaba deixou o PP conseguir a proeza de ser um dos poucos partidos no poder na Europa a ficar à frente nas eleições.

E PSOE perdeu num ambiente em que até houve uma subida generalizada do voto de esquerda em Espanha que não soube capitalizar. Prova disso foi a subida meteórica do partido Podemos, que nasceu há apenas três meses e que conseguiu 7,94% dos votos, alguns dos quais o chamado "voto 15-M". Rubalcaba ensaiou a seguinte explicação para o desastre eleitoral: “Há pessoas que se lembram que isto começou quando nós estávamos no Governo.”

Por cá, os socialistas estão numa posição bastante diferente, porque ganharam as eleições. Mas a vitória foi magra e já se volta a ouvir vozes a pedir António Costa para o lugar de António José Seguro. Ontem, Carlos César, Ferro Rodrigues e João Galamba alinharam no discurso de “soube a pouco”. E já se advinha que na reunião da comissão nacional do PS este sábado no Vimeiro se ouvirão vozes a contestar a actual liderança.

Foi o próprio Seguro que se colocou nesta posição de ter de responder por uma vitória como se de uma derrota se tratasse, ao elevar demasiado a fasquia para estas eleições. Transformou as europeias, em que já se sabia que a abstenção seria muito elevada, em primárias para as legislativas e foi o próprio que levou a sufrágio o seu programa eleitoral para 2015. E a vitória por uma escassa margem não lhe dá legitimidade para reclamar eleições antecipadas. E vai obrigá-lo, no Vimeiro, a explicar aos socialistas a sua estratégia para chegar a 2015 e se distanciar dos partidos que actualmente apoiam o Governo.
 

  

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