"Os jornalistas são os editores da nossa democracia", diz Poiares Maduro

Ministro adjunto com a pasta da comunicação social defendeu a internacionalização de todos os media, porque "a língua é um activo e um potencial económico" para Portugal.

Foto
A Lusa já custou 16 milhões por ano, agora pouco passa dos 10 milhões Foto: Filipe Arruda

O ministro adjunto e responsável pela comunicação do Governo, Miguel Poiares Maduro, defendeu esta quarta-feira a internacionalização de "todos" os órgãos de comunicação social e salientou que a língua portuguesa é o instrumento mais fácil para concretizar essa estratégia.

"A língua é um activo e um potencial económico para o nosso país. Na área do audiovisual temos um potencial de exportação muito grande", afirmou na cerimónia de apresentação, hoje em Lisboa, do curso de pós-graduação de jornalismo internacional em língua portuguesa, uma parceria da Lusa com o instituto ISCTE.

O ministro, à margem do encontro, considerou "importante que todos os órgãos de comunicação social" possam ter uma "estratégia de internacionalização" e congratulou-se com o lançamento do novo curso.

"Os jornalistas são os editores da nossa democracia" disse, destacando que "todos os que intervêm no espaço público, como políticos e jornalistas, têm a responsabilidade muito grande de construir um espaço onde todas as ideias possam ser ouvidas, com tranquilidade e serenidade, e esgrimidos todos os argumentos e confrontadas as nossas próprias ideias".

Poiares Maduro salientou os benefícios de o jornalismo "debater" os temas internos e informar sobre o que se passa internamente no país, mas "atendendo à necessidade de contextualizar a informação à luz do que se passa no mundo".

Internacionalização é cara

O presidente da Lusa, Afonso Camões, na sua intervenção na cerimónia, lembrou que a agência de noticias tem correspondentes em 29 países do mundo e que essa rede "é cara e só é possível mediante financiamento publico".

Ressalvando que a Lusa já custou ao Estado 16 milhões de euros por ano, e que atualmente custa 10,7 milhões, Afonso Camões alertou para os perigos da composição acionista da empresa.

"A Lusa tem capitais públicos e capitais privados, sendo que do lado dos capitais privados estão os principais clientes da Lusa", afirmou, acrescentando: "Ou seja, há no capital social da Lusa a capacidade permanente de condicionar o preço de mercado. Isso cria, por vezes, alguns constrangimentos".

Afonso Camões lembrou ainda "os desafios" que "acionistas e jornalistas" da Lusa têm pela frente no sentido de "transformar este espaço da língua e cultura em negócio" e "interiorizar" que os destinatários da agência de notícias não são exclusivamente cidadãos nacionais.

"Temos de deixar de olhar tanto para o mercado nacional", disse, lembrando que este mercado tem sido afetado pela crise, e apelando a que o horizonte dos jornalistas seja alargado a "oito povos soberanos", os países de língua portuguesa.

O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Isaac Miguigy Murargy, considerou também "muito importante" o lançamento do curso de pós-graduação, defendendo que "os jornalistas são os difusores de valores e princípios".

O novo curso de pós-graduação de jornalismo internacional em língua portuguesa vai ter um custo de 2.500 euros para um ano letivo e confere 60 créditos aos alunos, informou hoje um dos coordenadores do curso, Gustavo Cardoso.

"As inscrições começam agora e terminam em setembro", explicou o professor do Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-IUL, adiantando que os alunos que concluírem este curso, tanto jornalistas como futuros jornalistas, podem ainda estender os estudos por mais tempo se quiserem obter o mestrado.

"Há a possibilidade de os alunos fazerem estágios nas delegações da Lusa", afirmou Ricardo Jorge Pinto, diretor adjunto da Lusa e coordenador do curso, explicando que o curso vai ser dado por jornalistas, a maioria da Lusa, ou por especialistas da área dos media.

Sugerir correcção
Comentar