Os avisos e puxões de orelhas de Silva Lopes ao PS

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O economista foi muito crítico de algumas decisões socialistas. Nuno Ferreira Santos

No segundo dia das jornadas parlamentares do PS, os deputados acolheram um ex-ministro das Finanças e ex-governador do Banco de Portugal, José da Silva Lopes. Que para lá das críticas ao Governo não deixou de apontar o dedo ao principal partido da oposição.

A tónica essencial da intervenção do economista nas jornadas parlamentares do PS foi centrada no crescimento económico através do sector dos bens transaccionáveis. Mas a palestra de Silva Lopes não deixou esta terça-feira de ser dolorosa para o PS à conta das críticas mais políticas – a decisões do passado e actuais - que o assumido “tecnocrata” fez aos socialistas.

Depois de um retrato sombrio acerca das finanças do país, Silva Lopes deixou o aviso sobre a reestruturação da dívida. O secretário-geral do PS, António José Seguro, defende há muito que além da mutualização da dívida se devia tentar uma renegociação. Mas o economista, apesar de reconhecer que a projecção da dívida publica é “medonha”, explicou não ser esta a “altura de estar a fazer a reestruturação”. “Ia fazer com que a nossa situação fosse ainda pior do que já é”, alertou.

O economista deixou ainda o alerta sobre o perigo para as finanças do país que representaria uma baixa dos impostos, já defendida no interior do Governo. Lembrando as metas de cortes na despesa assumidos, sustentou que uma descida das taxas iria “agravar o problema”. “Um milhão que tiramos nos impostos é um milhão que tiram à despesa”, avisou antes de concluir que “prometer uma baixa de impostos é de uma irresponsabilidade total”.

Depois, quando defendeu que “a coisa mais importante” com que um Governo de devia preocupar era o crescimento económico, surgiram os verdadeiros puxões de orelhas ao principal partido da oposição. Desde logo por ter assinado um acordo sobre o IRC. Silva Lopes disse-se “muito desiludido” por entender que a reforma levada a cabo – que o PS votou a favor – era “boa para indivíduos com acções da EDP” mas não para a economia. “Só serve para fazer transferências de rendimentos para os que têm acções de companhias rentáveis”, avaliou.

E quando defendeu que “para o equilíbrio geral do país”, era essencial um “tratamento discriminatório a favor do sector transaccionável”, lembrou os investimentos feitos no passado sem qualquer ganho para o país. “O estádio de Leiria devia ser conservado tal como está enquanto monumento à estupidez nacional”, disse.

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