Oposição garante que troika não deu sinal para flexibilizar meta do défice

Partidos do Governo e da oposição com leituras diferentes sobre a reunião com a delegação da troika no Parlamento.

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Troika esteve esta quarta-feira na Assembleia da República Daniel Rocha

Nenhum dos deputados, fosse da maioria ou da oposição, saiu satisfeito da reunião esta quarta-feira com os representantes da troika, na Assembleia da República. O PSD e o CDS reconhecem que os chefes de missão foram evasivos ou optaram mesmo pelo silêncio em questões como o programa cautelar, as restantes bancadas garantem que não houve qualquer abertura para flexibilizar a meta do défice de 2014. O PSD pediu alívio fiscal no IRS.

Jonh Berigan (Comissão Europeia), Subir Lall (FMI) e Rasmus Ruffer (BCE) estiveram reunidos com os deputados da comissão de acompanhamento da troika, durante cerca de uma hora, depois de um encontro de 30 minutos com a Presidente da Assembleia da República. 

Na leitura de Miguel Tiago, do PCP, os representantes da troika mostraram que "abrandar as metas do défice seria entendido como acto de fraqueza". Quanto ao relatório do FMI ontem divulgado - em que a instituição faz um mea culpa sobre as consequências da austeridade -, o deputado comunista diz que essa conclusão "não passa de uma fantasia", já que os técnicos chamaram a atenção de que essa não é a mensagem fundamental do estudo.

Questionado sobre os salários, Miguel Tiago adiantou ter colocado a questão e revelou o teor da resposta que ouviu: "O país não é competitivo, é por isso que têm este nível de desemprego". 

Para Luís Fazenda, do BE, os representantes da missão externa "não consideraram a flexibilização da meta do défice" e sustentaram que "os problemas de Portugal não se devem à troika mas ao próprio país". "Foram insensíveis a essa realidade [à flexibilização da meta], mesmo que isso venha a concorrer para mais recessão", afirmou o deputado bloquista, apontando o dedo às três instituições internacionais: "A troika vai ter de assumir a responsabilidade de estarmos mais perto de um segundo resgate e não de um programa de transição".

Na maioria, a percepção dos deputados sobre a posição da troika diverge. Cecília Meireles, do CDS, reconheceu: "Saí com a sensação de que as negociações serão muito difíceis". A deputada admitiu não ter havido resposta sobre o programa cautelar e sobre a possibilidade de suavizar a meta do défice disse ter percebido apenas que a troika valoriza o crescimento da economia.

Já pelo PSD, Miguel Frasquilho, admitiu que a troika "foi bastante evasiva" sobre questões como a descida de impostos, mas disse não esperar outra coisa no início das avaliações. O deputado social-democrata defendeu um "alívio fiscal para as empresas e para as famílias", designadamente através do IRC e IRS. Quanto a uma suavização da austeridade, Miguel Frasquilho fez uma leitura diferente dos restantes deputados: "Não vi nenhuma porta fechada, vi preocupação com o que se está a passar na Europa".

 

 

 
 
 
 
 
 
 

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