Onde está Jerónimo?, pergunta-se no Rossio

Marcha de arranque da campanha eleitoral da CDU ligou a Praça da Figueira ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Desfile foi liderado por Rita Rato e Heloísa Apolónia.

Foto
Daniel Rocha

A pergunta andava nas bocas de militantes, curiosos na esplanada e jornalistas: “Onde está Jerónimo de Sousa?” O líder do PCP deixou para as mulheres a tarefa de liderarem a marcha da CDU que ligaria a Praça da Figueira ao Coliseu dos Recreios para o comício de abertura oficial da campanha eleitoral que arrancou este domingo à meia-noite.

Indiferentes ao calor dos 32 graus que pediam mais uma ida à praia do que à baixa lisboeta, na cabeça da corrente perfilavam-se as deputadas Rita Rato (número dois por Lisboa nestas legislativas) e Heloísa Apolónia (a líder dos Verdes e que é também a terceira candidata da CDU por Setúbal), bem como Ana Mesquita (quinta na lista por Lisboa), entre outros activistas jovens. Mas nada de Jerónimo. Guardou-se para mais tarde.

E era por ele que perguntavam militantes de cabeça esticada quando a marcha arrancou dos pés de D. João I que domina a Praça da Figueira do alto do seu cavalo. “Então ele não vem? A Heloísa já a vi lá por Setúbal, mas a moça do lado não me lembro agora do nome. Às vezes fala na televisão, o meu marido é que gosta muito dela”, comentava Filomena Santos, vinda da cidade sadina. “Ah, pois, eu percebo-o”, responde-lhe, trocista, a amiga de camisola vermelha – a do partido e do clube, vinca.

A assessoria do partido justificava aos jornalistas que nunca esteve prevista a presença do secretário-geral comunista no curto passeio que acabou por demorar escassos dez minutos – embora seja certo que a iniciativa estava na informação divulgada na passada semana aos órgãos de comunicação social sobre a agenda de Jerónimo de Sousa e que se mantém ainda hoje no site do partido.

Rita Rato e Heloísa Apolónia desvalorizaram a ausência. "As mulheres têm uma grande força e participação na CDU, portanto, aqui estamos nós e muitas mais", disse a representante ecologista referindo-se às muitas mulheres que participavam na marcha. A seu lado, a deputada do PCP realçou a "muita confiança [de Jerónimo] nas mulheres da CDU e nas mulheres deste país", assim como nos trabalhadores e no povo em geral para "pôr o país andar para a frente e empurrar este Governo e esta política para o passado".

Tinham vindo aos magotes, desde o Coliseu dos Recreios, na Rua das Portas de Santo Antão onde começaram a chegar pelas duas da tarde os militantes. Depois, já perto das três horas, começaram a engrossar os grupos que se juntavam à sombra dos prédios do lado do Rossio, culpa dos autocarros que iam deixando pessoas do lado da frente, junto à tradicional pastelaria Suíça.

O passeio foi rápido e  sempre ao som das habituais frases da campanha gritadas a pulmão aberto e de bandeiras agitadas. “Abril de novo, com a força do povo” ou “A CDU avança, com toda a confiança”. Pouco mais de dez minutos depois, a marcha enche as Portas de Santo Antão e chega ao Coliseu dos Recreios. Mesmo em frente, nem de propósito, os cartazes da fachada do Teatro Politeama anunciam mais uma produção de Filipe La Feria, A República das Bananas.

Dos quatro principais partidos e coligações, a CDU foi a última a abrir oficialmente a campanha eleitoral. O programa inclui música, declamação de poesia pela actriz Luísa Ortigoso, que veste a pele da beata dona Olga, na série da RTP1 Bem-Vindos a Beirais, e as intervenções dos responsáveis pela CDU – Coligação Democrática Unitária: PCP, Os Verdes e Intervenção Democrática.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários