O tempo de Marcelo

E foi preciso Marcelo Rebelo de Sousa candidatar-se à presidência da República para vermos um político dirigir-se aos portugueses de forma tocante e desprendida, sem usar politiquês, sem explicar como interpreta a Constituição ou as funções do cargo.

Quase como se “Marcelo”, como todo o país o trata, quisesse ir para Belém apenas porque é essa a sua obrigação – e não porque é esse o seu desejo. Ao dizer que quer “pagar a Portugal o que Portugal me deu”, Rebelo de Sousa virou as premissas do avesso. Surge como alguém que sacrifica uma vida fácil por uma missão de serviço público difícil: ser um Presidente que sabe que “ninguém se salva sozinho”, que a política precisa de “afecto” e que os portugueses “têm penado tanto” que esperam “uma lágrima e um sorriso”. Marcelo não precisou de dizer, como tantos outros antes de si, que o seu “partido é Portugal” ou que será “Presidente de todos os portugueses”. Todos sabemos que o seu partido é o PSD. Propôs outra coisa em vez disso: dar razões para cada um de nós ter “mais orgulho de ser português”. Não é ambição pequena. Para ninguém. Muito menos para um político.

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