O “mês bonito” entre a TAP e as eleições

Neste 1.º de Maio, a sombra da TAP pairou sobre as ruas. Entre ela e as eleições se fizeram as marchas.

Como era de esperar, o tema da greve da TAP tornou-se central neste 1.º de Maio. Ora sendo um direito constitucional inegável, esta greve em particular assumiu contornos de luta política, transformando-se num braço-de-ferro do qual não saíram vencedores os pilotos (pilotos que muitos, inclusive os que se opõem à privatização da transportadora aérea, tentaram sem êxito desmobilizar). Apesar da confusão gerada, ter-se-ão realizado 70 por cento dos voos, o que, a confirmarem-se plenamente tais números, mostra uma fraqueza a que os habitualmente poderosos pilotos se julgariam imunes. Pois bem: se continuar assim, a greve acabará por virar-se contra os seus mentores. E, se houver no horizonte algum recuo, será deles, não dos que viram abrir-se uma brecha na fortaleza.

Tudo isto se decidiu em terra, não nos ares, e foi também em terra que os sindicatos, com as principais manifestações da CGTP e da UGT agora divididas entre Lisboa (a primeira) e o Porto (a segunda) fizeram a marcação do costume. Arménio Carlos, já com os olhos postos nas legislativas que aí vêm, apelou a que se ponha “um ponto final na política de direita”. E, claro, foi mostrando que isso não é possível com o PS. Já a UGT, que também não esquece as eleições, achou por bem acenar com a exigência de um aumento no salário mínimo nacional, que deveria entrar em vigor já em Janeiro de 2016. Ninguém disse que seria com o PS no governo, mas muitos terão pensado nisso.

Não houve, mesmo assim, novidade de maior neste 1.º de Maio. O “mês bonito” de que se falou ontem nas ruas registou as queixas habituais, contra o desemprego, o Governo, a austeridade, mas a raiva ou até a agonia de outros anos foi substituída por atitudes mais ponderadas, como se estes dias fossem só um compasso de espera. Mudará o governo? Mudarão as políticas? E o que quererá isso realmente dizer para cada um dos cidadãos ainda a braços como o pesado lastro da austeridade? É o que veremos.

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