O “25 de Abril” dos dinheiros do Funchal

Numa ilha onde os poderes pendem para a autocracia e onde, por via desta, tem crescido descontroladamente a dívida pública, as notícias que nos chegam do Funchal assumem contornos de novidade histórica: o primeiro orçamento participativo da câmara local atraiu uma multidão à sua discussão final. E bateu um recorde: 505 pessoas, quando a norma são 30 a 50 ou, no máximo, diz quem monitoriza tais processos, umas 200 nos casos “mais consolidados”. Sucede que na capital da Madeira não houve consolidação, foi uma estreia, e talvez por isso, por ser a primeira vez e com nova maioria política (a coligação “Mudança”, que interrompeu quatro décadas de gestão social-democrata), os funchalenses fizeram da noite do orçamento participativo o “25 de Abril” dos dinheiros a que podem dar destino, no futuro do município onde habitam. Resta desejar que este passo não seja uma “moda” passageira e tenha vindo mesmo para ficar.

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