"Nunca senti pressão" do Governo para conceder crédito a empresas

Carlos Santos Ferreira, antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos, não confirma concessão de créditos problemáticos na Caixa Geral de Depósitos e diz que não houve uma "euforia de crédito".

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Santos Ferreira foi presidente da CGD entre 2005 e 2007 Manuel de Almeida/Lusa

O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos, entre 2005 e 2007, negou esta tarde na comissão de inquérito várias pressões do Executivo de José Sócrates. Disse Carlos Santos Ferreira que não houve pressão para que fosse nomeado presidente do conselho de administração do banco público e que também não foi pressionado a conceder crédito a empresas. Contudo, Santos Ferreira disse não se recordar de alguns créditos problemáticos.

"Nunca falei com o primeiro-ministro antes de ser convidado por Teixeira dos Santos. Se me permite: tanto quanto eu saiba, não [houve pressão para ser nomeado]", disse Santos Ferreira aos deputados, depois de ser questionado pelo deputado do PSD, Adão Silva. Mais tarde, desabafou que se soubesse o que sabe hoje, nunca teria ido para a Caixa: "Com o que sei hoje garanto-lhe que tinha recusado o convite de Teixeira dos Santos".

Quanto aos créditos concedidos pelo banco público, o ex-presidente do banco respondeu que nunca teve conhecimento de interferência do Governo: "Nunca senti pressão, nunca o senhor ministro das Finanças me referiu qualquer caso de crédito que devesse ser ou não concedido", garantiu.

Quando questionado sobre se foram atribuídos créditos específicos como os casos de Vale do Lobo, Pescanova, BES ou Grupo Lena, que foi noticiado serem dos créditos com maiores imparidades, apesar de os deputados ainda não terem na sua posse a lista dos maiores créditos e daqueles em incumprimento nas mãos, Santos Ferreira recusou falar sobre o assunto, uma vez que não são dados públicos. "Não tive acesso a documentos que não fosse públicos, para lhe responder sim ou não a essa questão teria de ter confirmado que isso assim era. Podia estar a mentir quer respondesse sim ou não", disse.

Perante a insistência do deputado do PSD sobre este assunto, Santos Ferreira explicou que os créditos eram concedidos por um conselho alargado de crédito. "Não consegui saber quantas operações passariam, mas admito que seriam cerca de mil operações por ano", por esse conselho. 

Contudo, antes, durante a sua intervenção inicial, o gestor tinha negado que houvesse uma "euforia" na atribuição de crédito durante o seu mandato. "Não houve euforia de crédito na Caixa. Houve uma redução da quota de mercado de crédito, salvo no que diz respeito a empresas", assumiu.

Outro dos assuntos em cima da mesa foi o negócio de compra de acções do BCP. Sobre este caso, Santos Ferreira disse não se recordar dos nomes a quem a CGD emprestou dinheiro para comprar as acções do BCP.

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