Cavaco envia mensagem a Eduardo dos Santos no Dia de Angola e lembra as relações "especiais"

Chefe de Estado português realça a vontade mútua de "defender activamente a relação bilateral" e reitera "empenho pessoal no continuado aprofundamento do relacionamento".

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José Eduardo dos Santos e Cavaco Silva juntos em 2009 Enric Vives-Rubio

O Presidente da República enviou esta segunda-feira uma mensagem ao seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, felicitando-o pela celebração do Dia Nacional de Angola, data que assinala a independência do país. Cavaco aproveita para salientar que as relações entre os dois "povos e países são verdadeiramente especiais".

Há 38 anos, a 11 de Novembro de 1975, Leonel Cardoso, alto comissário e governador-geral de Angola, transferia a soberania angolana de Portugal para o povo angolano. Hoje, Cavaco Silva enviou uma mensagem ao seu homólogo angolano – a quem se dirigiu com um “Sr. Presidente, caro amigo” –, que é, toda ela, um apelo indirecto ao diálogo.

O chefe de Estado português argumenta com a "História comum" e o modo como os dois países têm "sabido construir uma relação reciprocamente benéfica e profícua, estruturada tanto ao nível dos nossos cidadãos e empresas, como ao nível político e diplomático".

Sem fazer qualquer menção ao período mais conturbado que ainda se vive no relacionamento diplomático, Cavaco realça que os dois Estados têm sabido, "com confiança e respeito mútuos, ultrapassar algumas dificuldades que têm surgido e desenvolver relações estreitas e intensas".

"Fundadas em sólidos laços de amizade e cooperação, as relações entre os nossos dois povos e países são verdadeiramente especiais", faz questão de vincar o chefe de Estado.

Cavaco Silva, que, em Outubro, à margem da XXIII Cimeira Ibero-Americana, reiterou que os “mal-entendidos” e “eventuais desinformações” entre Portugal e Angola deveriam ser ultrapassados com vista ao fortalecimento da relação entre os dois países, reforça na mensagem endereçada a José Eduardo dos Santos que tem sido vontade dos dois Estados de "defender activamente a relação bilateral, na firme convicção de que este é o caminho que melhor corresponde ao interesse e ao sentimento" dos dois povos.

O Presidente da República termina a sua mensagem deixando a sua “grata expectativa” de reencontrar o seu homólogo angolano na próxima cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em Díli, Timor-Leste – que se deverá realizar no final de Julho do próximo ano –, e reforça o seu “empenho pessoal no continuado aprofundamento do relacionamento”.

Cavaco remete, assim, para mais longe no calendário um eventual encontro com Eduardo dos Santos, depois da polémica em torno do cancelamento da cimeira bilateral Portugal-Angola, que estava previsto realizar-se em Fevereiro. Esta cimeira já tinha estado prevista para o segundo semestre deste ano, foi depois adiada e, na semana passada, o ministro da Justiça de Angola anunciou o seu cancelamento.

O último mês ficou marcado pela polémica que envolveu investigações judiciais portuguesas a altos membros do Estado angolano, depois do pedido de desculpas do ministro português Rui Machete, e as declarações do próprio José Eduardo dos Santos no Parlamento angolano, onde falou do fim da parceria estratégica com Portugal – parceria fomentada precisamente por Cavaco Silva, aquando da visita do Presidente angolano a Portugal em 2009.

"Só com Portugal, as coisas não estão bem. Têm surgido incompreensões ao nível da cúpula e o clima político actual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada", disse José Eduardo Santos, a 15 de Outubro, no seu discurso sobre o Estado da Nação, na Assembleia Nacional de Angola.

 


 
 
 
 

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