Montenegro diz que democracia foi “abalroada”

Polémica sobre manifestações contra Governo aqueceu o Parlamento.

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Luís Montenegro reitera que futuro da RTP ainda não está decidido Daniel Rocha

Num debate acalorado em plenário, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, veio afirmar que “a democracia foi recentemente abalroada”, a propósito dos protestos que impediram o ministro Miguel Relvas de falar em público numa conferência.

“Não há democracia se os representantes legítimos do povo, por estes eleitos directa ou indirectamente, forem impedidos de expressar o seu pensamento”, afirmou Montenegro. O líder parlamentar do PSD condenou “expressões públicas de desagrado violento não passarão de atitudes antidemocráticas, despóticas e visceralmente intolerantes”. E destacou “um episódio” em que “a democracia foi recentemente abalroada”, num estabelecimento de ensino superior, sem referir os protestos de ontem contra o ministro no ISCTE.

Foi Bernardino Soares, líder da bancada do PCP, que recordou o episódio em concreto. “Quando o ministro já disse as maiores barbaridades, que expulsa estudantes do ensino superior por aumento das propinas, ele, logo ele, vai para uma universidade para discursar, vai à procura dos acontecimentos”, apontou, gerando um coro de protestos na bancada social-democrata. Montenegro respondeu: “Muitas vezes, os militantes e os deputados do PCP dizem coisas que se não são barbaridades andam lá perto, mas nunca calámos as opiniões do PCP.”

Pelo PS, o líder parlamentar, Carlos Zorrinho, partilhou da ideia de defesa da democracia, mas mostrou compreensão pelo descontentamento. “A falta de credibilidade do Governo é a principal causa do descontentamento”, disse Zorrinho.

O líder da bancada centrista, Nuno Magalhães, foi contido nas palavras e disse rever-se "absolutamente"  e subscrever as declarações de condenação aos protestos a Relvas no ISCTE feitas por Augusto Santos Silva e António Barreto.

Na intervenção final, Montenegro referiu-se a Grândola Vila Morena, canção que nos últimos dias tem servido para interromper intervenções públicas de ministros, como forma de protesto. “Muito se tem dito e cantado nos últimos dias, mas queria dizer que a Vila Morena, a terra da fraternidade, onde o povo mais ordena, é terra de todos, não é propriedade de ninguém”, disse, aplaudido fortemente pela sua bancada.
 

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