Ministro dos Negócios Estrangeiros alemão diz que emissão de dívida portuguesa é "sinal encorajador"

Guido Westerwelle veio a Portugal dizer que é preciso continuar a trabalhar para atingir resultados "palpáveis".

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Guido Westerwelle com Paulo Portas Patrícia Moreira de Melo/AFP

O chefe da diplomacia alemã afirmou nesta quinta-feira, em Lisboa, que os recentes progressos alcançados por Portugal, como o regresso aos mercados nas maturidades mais longas, são "sinais encorajadores" que já permitem "ver a luz no fundo do túnel".

"As notícias dos mercados são encorajadoras e tenho muita confiança em Portugal e no povo português. Pela primeira vez, há muitos anos, estamos a ver a luz no fundo do túnel", afirmou Guido Westerwelle, quando questionado sobre se Portugal está num ponto de viragem em termos económicos e a distanciar-se da Grécia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, que falava aos jornalistas à margem do "I Fórum Portugal-Alemanha", que arrancou nesta quinta-feira em Lisboa, considerou que Portugal tem de continuar a trabalhar "de forma esforçada e sustentável para atingir resultados palpáveis".

Guido Westerwelle escusou-se a fazer qualquer comparação entre Lisboa e Atenas, vincando apenas que Portugal "mostrou muita disciplina e coragem" e está "no caminho certo". Westerwelle lembrou que os três pilares fundamentais para o Governo e o parlamento alemão são "a disciplina fiscal, o crescimento e a solidariedade".

"Esses são os três pilares que constituem os fundamentos para uma Europa com sucesso e para um Portugal de sucesso", afirmou o governante, salientando que a "difícil situação social e económica" do país "só pode ser ultrapassada através do crescimento e da criação de emprego".

Na sua intervenção, perante o seu homólogo português, Paulo Portas, que abriu o "I Fórum Portugal-Alemanha", o chefe da diplomacia alemã frisou que a política de Berlim não está centrada unicamente na disciplina orçamental. "[Dizer] que a política alemã está centrada unicamente na disciplina orçamental é um cliché. Não tem nada a ver com a realidade", sustentou.

Mas o crescimento "não é o resultado das dívidas, é o resultado da competitividade, e isso significa que temos de pôr em prática reformas estruturais, que temos de estar prontos para o tempo que se avizinha, com mais inovação e conhecimento", acrescentou.

Em entrevista ao PÚBLICO, que será publicada na edição de sexta-feira, o ministro alemão assume que Portugal é "um parceiro importante" da Alemanha no que diz respeito à superação da crise. "A troika internacional reconheceu as reformas feitas pelo Governo português. A Alemanha vê esses esforços com o maior respeito. Em muitas áreas, já foram obtidos sucessos como, por exemplo, na criação de um ambiente favorável a investimentos ou no programa de privatizações. A volta aos mercados financeiros passou a estar ao alcance da mão. No nosso ponto de vista, é importante dar continuidade a este rumo, que está certo."

Portas: Portugal e Irlanda "cumpriram e devem ser reconhecidos"
Portugal e a Irlanda cumpriram os seus acordos de ajuda externa e "devem ser reconhecidos", com o aligeiramento das condições de financiamento, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo alemão, Guido Westerwelle, o ministro Paulo Portas escusou-se a responder se espera, após o teste bem-sucedido de regresso aos mercados, um maior apoio da Alemanha na UE nas negociações sobre o aligeiramento das condições de financiamento a Portugal.

"A iniciativa que Portugal e Irlanda [pedido de aligeiramento das condições de financiamento da UE] tomaram foi precisamente porque quem cumpre deve ser reconhecido. Por isso e porque para a Europa é muito importante também", disse.

"Para uma Europa coesa, competitiva, de confiança [é importante] que casos como Portugal e Irlanda sejam bem-sucedidos, que os países possam regressar ao financiamento dos mercados", adiantou o chefe da diplomacia portuguesa.

A melhoria das condições de financiamento, referiu, reflecte-se também na vida das empresas, tornando-se uma “base muito importante para o crescimento e criação de emprego”.

Portas sublinhou ainda a forma “extremamente digna” como os portugueses têm “superado o desafio”, com uma recessão “dura” em 2012, “sacrifícios pesados”, dificuldades que Portugal “vai saber superar, também com o apoio dos parceiros europeus”.

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