Militares reunidos em Almada dizem que o país está a ser posto em causa

Representantes das Forças Armadas dizem que sempre foram um saco de pancada.

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Luís Reis, Lima Coelho e Vasco Lourenço Miguel Manso
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Encontro de militares em Almada Miguel Manso

Os militares reunidos na tarde desta quarta-feira em Almada, convocados pelas associações de oficiais, sargentos e praças, consideram que o país está a ser posto em causa.

“O país está a ser posto em causa, do país fazem parte as Forças Armadas, que são um dos fundamentos do Estado, e são os fundamentos do Estado que neste momento estão a ser postos em causa”, acusou Manuel Pereira Cracel, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA). Esta denúncia de Pereira Cracel motivou um dos mais sonoros aplausos da plateia de cerca de 500 militares na reforma e na reserva.

“Espero que o poder político tenha o bom senso de ler os sinais que a sociedade portuguesa e os militares lhe têm enviado para arrepiar caminho”, manifestou Vasco Lourenço, moderador do debate, na sua intervenção inicial. O desejo de que o Governo altere as políticas previstas para as Forças Armadas foi, aliás, uma das constantes de todas as intervenções. “O poder não pode envolver as Forças Armadas na destruição do país, não pode transformar as Forças Armadas numa força armada”, salientou Vasco Lourenço.

“Servimos a Nação e não nos servimos da Nação, há uma imagem distorcida de que os militares e suas famílias são privilegiados”, criticou, por seu lado, Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS). O responsável da ANS evocou o direito à resistência, contemplado no 21.º artigo da Constituição Portuguesa, para se dirigir ao ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco: “senhor ministro, estamos disponíveis para encontrar caminhos.”

Enquanto o representante dos oficiais abordou a questão dos dinheiros da Defesa e Lima Coelho referiu os problemas da saúde, Luís Reis, da Associação de Praças, lançou o debate sobre as pensões. “O fundo de pensões está há muito descapitalizado e em situação de ruptura”, destacou.

Num debate sobre a situação socioprofissional dos militares, a maioria das intervenções foram sobre rendimentos, impostos e direitos em causa. “Sempre fomos um saco de pancada, assim nos habituámos quando era em proveito de Portugal, não é agora o caso”, lamentou um capitão na reserva. “O nosso Governo é feito de eufemismos, fala de contributo extraordinário de solidariedade, quando a solidariedade é imposta não é solidariedade – é roubo”, comentou um sargento-mor reformado. A sua intervenção foi uma das mais aplaudidas.  
 
 

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