Medidas como cortes nas pensões decisivas para evitar novo pedido de ajuda externa, diz Passos

Passos esteve em campanha em Alcanena.

Foto
Pedro Passos Coelho diz que as empresas exportadoras parecem aguardar que resto da economia saia da crise Daniel Rocha

O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sustentou neste sábado que medidas como os cortes nas pensões da função pública são decisivas para Portugal evitar um novo pedido de ajuda externa.

"Não é uma teimosia minha com os salários da função pública, não é uma teimosia minha com as pensões dos pensionistas do Estado, não é uma teimosia minha que todas as medidas que constam do acordo que nós firmámos possam ser cumpridas. Essa é a diferença entre fecharmos este programa de assistência ou podermos ter de pedir um outro programa", afirmou Pedro Passos Coelho, durante um jantar de campanha do PSD para as eleições autárquicas, em Alcanena.

Em seguida, o presidente do PSD perguntou se "algum dos senhores em Portugal, nesta sala ou em qualquer outra, desejaria que esse fosse o nosso resultado, o de ter de pedir novamente ajuda externa", acrescentando: "Eu não acredito, e não acredito porque as pessoas sabem que, se isso acontecesse, ninguém nos emprestaria dinheiro se nós não cumpríssemos aquilo a que já nos comprometemos".

"Então, se temos de o fazer, por que é que havíamos de ter pedir outra vez ajuda externa, se sabemos qual é o nosso caderno de encargos?", interrogou.

No seu discurso, o chefe do executivo PSD/CDS-PP apontou os juros da dívida como outro factor que dificulta a conclusão do actual programa de assistência financeira - "quero dizer-vos que com juros como sete por cento, como temos tido, é mais difícil" - e considerou que os mercados financeiros olham para Portugal com "algum preconceito" e mostram agora dúvidas sobre a situação nacional, enquanto os portugueses estão mais confiantes.

"As pessoas cá dentro começam a perceber que finalmente a nossa economia vai melhorar, mas fora começa a haver duvidas sobre se nós conseguiremos fechar este processo de programa de ajustamento", disse.

No final da sua intervenção, Passos Coelho introduziu o tema das iniciativas do Governo já remetidas ou a remeter ao parlamento para diminuir a despesa do Estado, como os cortes nas pensões pagas pela Caixa Geral de Aposentações.
O primeiro-ministro apontou-as como essenciais para que os parceiros internacionais de Portugal acreditem no cumprimento do Programa de Assistência Económica e Financeira assinado em 2011.

"Há ainda alguns riscos associados a medidas que constam do nosso contrato com quem nos deu o dinheiro. Quando fazemos um contrato devemos cumpri-lo. Comprometemo-nos a fazer uma série de medidas e temos de as fazer. A dúvida sobre se é possível ou não cumprir com essas medidas pode determinar a nossa sorte hoje", alegou.

Segundo Passos Coelho, a missão do Governo é resolver problemas graves que durante muitos anos não foram enfrentados, "nestes três anos" de prazo dado pelos credores internacionais de Portugal, nem sempre com "a margem de manobra" que gostaria de ter.

"Aqueles que nos emprestaram dinheiro deram-nos três anos para resolver alguns dos graves problemas que Portugal tem. E é nestes três anos que nós temos de fazer o serviço, que nós temos de apresentar resultados, não é em cinco, não é em dez", defendeu.

 

Sugerir correcção
Comentar