Media Capital teve lucros de 16,5 milhões em 2014

Grupo da TVI conseguiu aumentar o resultado líquido em 20% devido à redução de custos e subida da publicidade. Rádio foi o segmento que percentualmente mais cresceu.

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Media Capital é detida pela espanhola Prisa Nuno Ferreira Santos

A Media Capital, grupo que detém a TVI e, entre outras estações, a Rádio Comercial, aumentou o resultado líquido em 2014 em cerca de 20% relativamente ao ano anterior, tendo obtido lucros de 16,5 milhões de euros.

De acordo com informação da empresa, a melhoria dos resultados ficou a dever-se sobretudo à subida da facturação da publicidade e à redução dos gastos. Os gastos operacionais foram reduzidos em cerca de 3%, de 142,9 para 138,9 milhões de euros.

Olívia Mira, CFO do grupo, realçou ao PÚBLICO que este resultado líquido de 16,5 milhões de euros é “especialmente expressivo” por ter sido conseguido num “ano tão complicado como o de 2014”.

No ano passado a empresa conseguiu “melhorar a sua performance operacional” e fechar o processo de renegociação da dívida em Setembro, conseguindo passar a ter custos financeiros “mais adequados”. A repartição dos custos da dívida entre os 15% no curto prazo e os 85% no médio e longo prazo permitem libertar capital para o grupo poder fazer investimentos. A Media Capital mantém, no entanto, uma dívida líquida de 114 milhões de euros.

TV aumenta fatia de leão
O negócio da televisão contribuiu com a fatia de leão (147,3 milhões de euros) para o total dos rendimentos operacionais consolidados, que se situou nos 179,8 milhões de euros. O bolo total de facturação sofreu uma ligeira quebra de 1% em relação às contas de 2013. Em termos financeiros, o segmento da televisão registou um EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) de 34,9 milhões de euros, com uma margem de 23,7%.

A produção audiovisual assegurada pela Plural gerou um negócio de 40,2 milhões de euros (menos 5% que em 2013), ao passo que a rádio conseguiu crescer uns saudáveis 13%, para um valor de 16,1 milhões de euros de receitas.

Segundo a empresa, esta parte do negócio teve uma “melhoria substancial da rentabilidade”, tendo o EBITDA atingido um milhão de euros, quando há um ano fechara com 1,9 milhões de euros negativos. O desempenho ficou a dever-se à conclusão da reestruturação iniciada há dois anos.

Apesar de a facturação da produção ter recuado à volta de dois milhões de euros, e de esta ser uma área com menos margem de lucro, a Plural continua a manter uma grande importância como fornecedora principal da ficção da TVI, que alicerça a maior fatia do seu horário nobre em novelas. Além disso, a venda desses conteúdos — alguns premiados internacionalmente — é uma fonte de receita, assim como permite exportar serviços técnicos e de cenografia para Angola e Espanha.

O negócio da rádio, através da Media Capital Rádios, foi o que melhor prestação teve percentualmente, com um crescimento de 11% em relação a 2013. O segmento rendeu ao grupo receitas de 16 milhões de euros, ou seja, mais 1,6 milhões de euros que no ano anterior. Olívia Mira destaca o crescimento do EBITDA das operações de rádio de 3,1 para 4,5 milhões de euros, o equivalente a uma margem acima dos 28%, muito perto do objectivo ideal e “confortável” de 30%.

Publicidade cresce pelo menos 5% em 2015
Em geral, a facturação publicitária da Media Capital cresceu no ano passado 11%, ligeiramente acima da melhoria de 10% registada em média pelo mercado da comunicação social. Para isso contribuiu a “manutenção da liderança das audiências da TVI no horário nobre e no conjunto do dia, assim como a liderança da Rádio Comercial”, descreveu Olívia Mira, especificando que o grupo lidera o mercado publicitário de rádio com uma quota de 48%.

Sem querer abrir o jogo sobre as estimativas da Media Capital para 2015, Olívia Mira acredita que o mercado publicitário “vai continuar a crescer”, embora seja ainda “muito cedo” para falar de números. Mas a CFO acredita que “será sempre superior a 5%”.

Olívia Mira recusa que as constantes notícias sobre a possibilidade de venda da Media Capital afectem a performance financeira da empresa e diz mesmo serem “meros rumores sem qualquer tipo de fundamento”.

A responsável quer que a TVI continue a “ter uma grelha líder” e que o grupo consiga melhorar a questão da rentabilidade. Questionada sobre novidades de canais e investimentos, Olívia Mira diz que “estamos num ano em que o digital e a interactividade ganharam um peso relevante. Queremos fazer mais e melhor nessa área”. Sobre apostas noutros mercados também é esquiva: “Se aparecerem oportunidades de investimento, teremos todo o interesse em analisar. Por enquanto, não há nada de significativo.”

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