Martin Schulz: Europa tem de recuperar valores fundadores e combater desemprego jovem

"Como podemos esperar que os nossos jovens se identifiquem com a Europa quando esta não tem lugar para eles?”, questionou o presidente do Parlamento europeu e membro do Partido Social-Democrata no segundo dia do XIX Congresso do PS, em Santa Maria da Feira.

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ex-presidente do Partido Socialista Europeu falou no segundo dia do XIX Congresso do PS THIERRY CHARLIER/AFP

O presidente do Parlamento Europeu defendeu neste sábado de manhã que é preciso recuperar os valores fundadores da União Europeia da paz, da justiça e da solidariedade e lutar por oferecer oportunidades aos mais jovens e uma melhor distribuição da riqueza.

 

Eu sou contra uma Europa dividida entre o sul e o norte, Portugal tem o mesmo valor que todos os outros países desta União”, afirmou o socialista Martin Schulz.

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O ex-presidente do Partido Socialista Europeu e membro do Partido Social-Democrata alemão discursava na abertura do segundo dia do XIX Congresso do PS, no Europarque, em Santa Maria da Feira (Aveiro).<_o3a_p>

O socialista alemão centrou a sua intervenção na defesa de uma melhor distribuição da riqueza e de uma agenda reformista na Europa para combater o desemprego, sobretudo entre os jovens.<_o3a_p>

“A União Europeia foi sempre um sonho de tornar eterna a democracia, no nosso país, como no vosso país, e a democracia tem de ser defendida, temos de lutar por mais justiça, por mais emprego para os nossos jovens. Como podemos esperar que os nossos jovens se identifiquem com a Europa quando esta não tem lugar para eles?”, interrogou.<_o3a_p>

O antigo presidente dos socialistas europeus considerou que a “política unilateral de redução da dívida pública está esgotada” e que é preciso “mudar de direcção na Europa”, com medidas como a taxação das transacções financeiras ou o encerramento dos paraísos fiscais.<_o3a_p>

“É inaceitável que 50% dos jovens na Europa não tenham emprego, isso destrói a sociedade, continuamos a ser o continente mais rico do mundo, mas a nossa riqueza não está a ser distribuída justamente, precisamos de mais solidariedade entre os diferentes grupos sociais, mas também entre os estados”, vincou.<_o3a_p>

O presidente do Parlamento Europeu rejeitou ainda uma visão que divida os países do norte e do sul da Europa e lembrou que a actual crise das dívidas soberanas começou na Irlanda, um país banhado pelo mar do Norte.<_o3a_p>

Schulz disse que os responsáveis europeus devem lutar por recuperar “a ideia de Europa”, em que “os Estados e as nações trabalham para lá das suas fronteiras, juntos em instituições comuns” para “enfrentar melhor os desafios do século XXI”.<_o3a_p>

“Os grandes países e os pequenos países, os ricos e os pobres, os populosos ou não, os países trabalham juntos para lá das suas fronteiras. E não falo das fronteiras físicas apenas, mas das fronteiras económicas, culturais, linguísticas e do nosso passado, somos mais fortes juntos, é essa a ideia da social-democracia, a de que a união faz a força, a ideia da solidariedade”, acrescentou.<_o3a_p>

O dirigente socialista sublinhou depois que o seu país, a Alemanha, partilha do valor da solidariedade entre Estados e que “há muito que os alemães o dizem”, citando o escritor alemão Thomas Mann.<_o3a_p>

“Thomas Mann formulou um apelo que eu considero genial aos alemães: “Nós queremos uma Alemanha europeia e não uma Europa alemã, é essa a mensagem que vos deixo. Creio que vocês também não querem uma Europa portuguesa, mas um Portugal europeu”, concluiu.<_o3a_p>

 

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