Marcelo no Funchal a reflectir sobre as presidenciais

Ex-líder do PSD jantou segunda-feira com Miguel Albuquerque, com Belém e o novo ciclo político madeirense na ementa. A Norte, Rui Rio rompe o silêncio e esclarece que a sua decisão sobre uma eventual candidatura presidencial só será conhecida depois das legislativas.

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António Carrapato

Um Marcelo Rebelo de Sousa em “reflexão” sobre as presidenciais jantou esta segunda-feira no Funchal com o líder do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque. Depois de meses de ponderação, Rui Rio torna público que anuncia decisão sobre presidenciais em Outubro.

O encontro do ex-líder do PSD com o presidente do governo regional, que decorreu na zona turística da capital madeirense, serviu para o comentador político inteirar-se sobre o novo ciclo regional e auscultar a opinião de Albuquerque sobre uma eventual candidatura a Belém.

“A minha reflexão é global, e esta é uma das componentes dessa reflexão”, disse Marcelo ao Diário de Notícias do Funchal, explicando que está a ouvir personalidades de vários sectores antes de tomar uma decisão sobre as presidenciais, o que deverá acontecer em Outubro.

“Tudo o que seja ouvir pontos de vista que são muito informados, inteligentes e conhecedores da problemática da gestão do poder público é muito útil”, acrescentou, o ex-presidente do PSD, definindo o jantar com Albuquerque como um “encontro de amigos”. Miguel Albuquerque é próximo de Passos Coelho, desde os anos em que ambos estiveram na JSD.

“Se há pessoa cuja opinião e conselho é importante é o Presidente do Governo regional da Madeira, porque tem uma visão própria sobre o mundo, a Europa e Portugal”, sublinhou o comentador político, realçando a importância de conhecer os problemas da Madeira.

Sem assumir uma candidatura à Presidência da República, Marcelo disse, citado pelo mesmo matutino, que é “importante tomar a devida nota” dos problemas que Albuquerque tem apresentado ao país, considerando que estas questões não são exclusivamente regionais. “São problemas de interesse nacional.”

Albuquerque também considerou a conversa bastante importante. “Não é só a circunstância de estar num momento de reflexão, é porque é uma voz autorizada no panorama político nacional”, disse, sem se comprometer com o apoio dos social-democratas madeirenses a uma candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa a Belém. Até porque, justificou, Passos Coelho agendou o tema Presidenciais para Outubro, após as eleições legislativas.

Mesmo assim, frisou a importância de dar uma “informação detalhada” a Marcelo sobre as políticas essenciais do Governo madeirense.

Rio anuncia em Outubro
A desistência de Pedro Santana Lopes de entrar na corrida das presidenciais colocou pressão sobre Rui Rio, que na quarta-feira esclareceu, num artigo de opinião que publicou no Jornal de Notícias, por que é que decidiu adiar para Outubro a decisão final sobre uma eventual candidatura a Presidente da República. Alude ao equívoco das sucessivas datas que foram noticiadas sobre a sua vontade de concorrer a Belém e garante que a candidatura, a confirmar-se, nada tem de "táctico". Fala de um "projecto para o país e a identificação de uma inequívoca vontade de uma parte substancial da sociedade".

Rio admite nesse artigo que o regresso à vida política pode estar para breve e justifica a data do anúncio com o que diz ser a disponibilidade dos portugueses para pensarem nas presidenciais, o que julga só poder acontecer depois das legislativas.O artigo publicado na edição impressa do JN tem o título Presidenciais: Ponderação em nome da responsabilidade, e nele o ex-secretário-geral do PSD deixa duras críticas a comentadores políticos que confundem "a realidade do país" com "a futilidade de alguns corredores político-mediáticos".

A este propósito, revela que ponderou a possibilidade de tomar a decisão antes de Outubro. Fazê-lo ter-lhe-ia dado a “vantagem de, por antecipação, poder responder não só aos candidatos que já estão abertamente no terreno, como àqueles que o vão estando de forma dissimulada, utilizando palcos televisivos de que os outros não dispõem”. O remoque tinha um destinatário óbvio: Marcelo Rebelo de Sousa.

"O resultado da minha ponderação é o de guardar para depois das legislativas a decisão final sobre uma candidatura a Presidente da República, na convicção de que os dados que enunciei como determinantes para o meu regresso à vida pública poderão ser, nessa altura, mais facilmente e mais livremente aferidos", afirma Rui Rio.

O núcleo duro do ex-presidente da Câmara do Porto considera que esta decisão clarifica a questão da sua candidatura e será vantajosa para ele. "O que esperamos é que no dia 5 de Outubro seja criada a nível nacional uma onda de apoio à candidatura de Rui Rio", disse ao PÚBLICO um apoiante do ex-secretário-geral do PSD, convicto de que o partido vai convocá-lo para participar na campanha para as eleições legislativas.

Rio informou o presidente e primeiro-ministro do PSD, Passos Coelho, de que ia escrever o artigo.


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