Marcelo conta “com muitos sucessos políticos” de Luís Montenegro ao longo do mandato

Presidente da República elogia “qualidades” e “talentos” do líder da bancada parlamentar do PSD, apontado como um possível candidato à sucessão de Passos Coelho

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O Presidente com Luís Montenegro, hoje, em Espinho Adriano Miranda

E ao centésimo dia de mandato, o Presidente da República deixa cair um rasgadíssimo elogio ao “percurso cívico e político assinaláveis” e ao carácter do líder da bancada parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que ontem recebeu das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa a medalha de ouro da cidade de Espinho atribuída pela câmara municipal.

Ao percurso do parlamentar, o Presidente haveria de acrescentar outros “talentos”: “Qualidades políticas, qualidade de inteligência, de competência, de lealdade em relação àqueles que em cada momento representam as instituições que serve”, mas também “qualidades de proximidade”.

Numa altura que os sociais-democratas admitem mudanças a nível da direcção do partido caso o PSD perca as eleições autárquicas do próximo ano e o nome de Luís Montenegro é apontando como um provável sucessor a Pedro Passos Coelho, as palavras elogiosas de Marcelo tiveram uma imediata leitura política. Declarando que as “qualidades” que diz encontrar no líder da bancada parlamentar do PSD, “são invulgares”, Marcelo Rebelo de Sousa entende que “não pode, nem deve o Presidente da República substituir-se ao papel daqueles que têm por função prever o futuro de quem anda na ribalta da política, mas cabe ao Presidente da República registar com alegria o poder contar certamente ao longo do seu mandato com muitos sucessos políticos de Luís Montenegro”.

O deputado e líder da bancada parlamentar e o empresário Rui Nabeiro foram ontem agraciados pela autarquia de Espinho e o Presidente da República enalteceu, perante uma plateia onde se destacavam vários deputados e autarcas sociais-democratas, o perfil de ambos, classificando-os como “pessoas de bem, gente de bem” e “isso – sustentou - é fundamental”.

A seguir aos elogios, vieram as críticas. O Presidente aproveitou a sessão comemorativa dos 43 anos de elevação de Espinho a cidade para chamar a atenção para a necessidade de os fundos europeus do Portugal 2020 chegarem às autarquias já a partir do segundo semestre.

Joaquim Pinto Moreira, autarca de Espinho, tinha lançado o tema, aproveitando para destacar a importância do município em obter “um novo financiamento no âmbito do Portugal 2020, mais concretamente no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, na ordem dos 9,5 milhões de euros, que irá dar resposta a algumas necessidades imediatas de investimento e que irá representar um apoio muito significativo nas áreas da mobilidade, da regeneração urbana, da habitação social e do apoio às comunidades mais desfavorecidas”.

O autarca social-democrata insurgiu-se contra a “criação das designadas autarquias metropolitanas do Porto e de Lisboa”, afirmando mesmo que o “modelo que está a ser desenhado pela maioria que sustenta o Governo apresenta uma constitucionalidade, no mínimo, duvidosa”.

Às dúvidas do autarca juntam-se as do chefe de Estado. “Não há nada como prevenir antes de ter de remediar”, atirou Marcelo. Se a eleição dos presidentes das comissões de coordenação de desenvolvimento regional “pode ser um passo significativo do alargamento da base de legitimação democrática dessas instituições,” já quanto às áreas metropolitanas, apela a “um debate sereno, ponderado acerca do risco de sobreposição das atribuições das áreas metropolitanas relativamente aos municípios abrangidos, relativamente às comissões de coordenação e também à criação de expectativas, na base do sufrágio directo para que se aponta, que podem suscitar questões de natureza jurídica e de natureza a política.

O dia de Marcelo por terras de Espinho começou em Silvade, onde inaugurou o centro escolar, que funciona já desde Setembro de 2015. Aqui o Presidente da República foi centro de todas as atenções. Num registo descontraído pegou, inesperadamente, num stick de brincar e começou a jogar hóquei com o autarca de Espinho. E foi Marcelo quem marcou golo. As bancadas aplaudiram com estrondo.

O Presidente ainda ouviu, enternecido, um grupo de crianças cantar “Que bonito!” – e, no final da actuação, recebeu um quadro, que prometeu colocar em Belém. “Uma escola, a bandeira portuguesa e estes pescadores – o que é que [este desenho] representa?”, perguntou o Presidente, mas perante o silêncio dos pequenos alunos foi o próprio a responder: “Representa a vossa terra! Vocês estão muito envergonhados, mas [o desenho] está muito bonito e vai para o meu gabinete”.

Na inauguração não houve discursos nem declarações públicas e Marcelo contagiou toda a gente, trocando abraços e beijos com muitos daqueles que aguardavam por vê-lo. O entusiasmo com que a comunidade de Silvalde o recebeu compensa, nas palavras do autarca espinhense, os meses que a autarquia e a escola aguardaram até que a agenda do Presidente pudesse acomodar a visita.

 

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