Marcelo arrisca tornar-se o rei das medalhas

Presidente já atribuiu 145 condecorações, mais do que todos os seus antecessores em igual período.

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As condecorações dadas à Selecção Nacional de Futebol pela vitória no Euro2016 NFACTOS / FERNANDO VELUDO

Eram para ser poucas, destinadas apenas a distinguir feitos excepcionais, mas em apenas nove meses Marcelo Rebelo de Sousa bateu o recorde de condecorações entregues a entidades nacionais por um Presidente da República democrático em igual período. Foram 145 em nove meses, mais do dobro que Cavaco Silva e Jorge Sampaio e mais 32 que Mário Soares.

É verdade que houve circunstâncias excepcionais, sobretudo a nível desportivo: a Selecção Nacional de Futebol conquistou o título de campeão europeu, seguida da de Hóquei em Patins, dois portugueses ganharam o europeu de canoagem em Moscovo, o campeão europeu de Karaté é luso e seis atletas nacionais foram medalhados no Europeu de Atletismo.

Num efeito bola de neve – porque depois da decisão de condecorar a selecção nacional era de difícil explicação não distinguir igualmente os desportistas nacionais de outras modalidades que se sagrassem campeões - todos, juntamente com os seleccionadores nacionais, acabaram agraciados pelo Presidente da República, num total de 45 medalhas atribuídas por mérito desportivo.

Mesmo assim, descontados estes eventos que não tiveram paralelo no início dos mandatos dos seus antecessores, Marcelo desceria apenas ao segundo lugar do pódium dos Presidentes condecoradores, atrás das 113 medalhas entregues por Soares em igual período. Nos primeiros 276 dias em funções, Cavaco Silva só tinha entregue 73 títulos e Jorge Sampaio 66. E no entanto, no final do mandato, Sampaio contabilizou 2374 comendas entregues, não muito longe das 2505 de Mário Soares.

A amostra não permite, portanto, tirar ilações definitivas, até porque, segundo fonte oficial de Belém, “não estão previstas novas atribuições até ao aniversário da posse, a 9 de Março de 2017” e o Presidente “também já declarou que não atribuirá condecorações nos últimos seis meses do mandato”.

Certo é que, em Abril, a intenção de Marcelo era mudar a tradição de distribuir condecorações e só o fazer para distinguir “feitos excepcionais”, como fonte de Belém dizia na altura ao DN, a pensar já no 10 de Junho. No primeiro Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o Presidente surpreendeu ao agraciar apenas quatro civis – todos emigrantes em Paris, pela ajuda prestada às vítimas dos atentados de 13 de Novembro de 2015 - e seis militares que se destacaram no cumprimento de missões no âmbito nacional e internacional, três dos quais na guerra colonial.

Desde então, o número de agraciados não parou de subir, sobretudo de militares, que são já 32. Instituições agraciadas até agora são apenas seis.

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