Manifesto 3D propõe ao BE e LIVRE candidatura convergente nas europeias

Movimento já recolheu mais de cinco mil assinaturas em três semanas. Primeira assembleia nacional de subscritores prevista para o início de Fevereiro.

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Ricardo Paes Mamede, à direita, diz que as europeias são o palco ideal para mostrar o descontentamento dos portugueses em relação a Bruxelas Miguel Manso

Os promotores do Manifesto 3D vão formalizar, no final desta semana, às direcções do Bloco de Esquerda e da Associação Renovação Comunista e à comissão instaladora do LIVRE, a proposta para uma “candidatura convergente e mobilizadora” às eleições europeias de 25 de Maio.

Ricardo Paes Mamede, da comissão instaladora do Manifesto 3D, disse ao PÚBLICO que este órgão se irá reunir na sexta-feira, dia 10, para elaborar a proposta formal que colocará por escrito aquilo que os contactos prévios têm mostrado: a vontade de uma convergência à esquerda que “perspective uma estratégia de Governo para o país diferente” da actual. A decisão de avançar foi tomada no passado fim-de-semana, quando os promotores elegeram a comissão instaladora.

O primeiro passo para essa congregação da esquerda será dado, apesar dos apertados prazos, nas eleições para o Parlamento Europeu. “Esta candidatura deve ir muito além dos partidos e movimentos”, diz a comissão instaladora numa nota de imprensa divulgada esta terça-feira. “Deve estar aberta a todos os cidadãos e movimentos e organizações políticas e sociais que se revejam nos seus propósitos e que queiram defender em Bruxelas uma inflexão da política europeia que se traduza no abandono das políticas de austeridade e na adopção de políticas solidárias e de apoio ao desenvolvimento à escala europeia. Contrariando assim a actual orientação da União Europeia, que tem vindo a transformar-se em troika permanente, num espaço não-democrático, baseado na relação desigual entre ricos e pobres, credores e devedores, mandantes e mandados”, lê-se ainda no documento.

“Parte dos nossos problemas provém da Europa, por isso as eleições europeias são uma oportunidade para levarmos a Bruxelas uma mensagem de indignação e descontentamento”, defende Ricardo Paes Mamede. Que acredita que, “quanto mais forte for essa mensagem, maior a probabilidade de permitir no futuro uma governação diferente” – em que se inclui também uma relação diferente entre as instâncias europeias e Portugal.

Seja qual for o destino do país a partir de meados de Maio, quando terminar o actual programa de ajustamento – segundo resgate ou programa cautelar –, “o esquema de financiamento implicará sempre uma linha de continuação da austeridade, com degradação de direitos sociais e laborais e destruição paulatina do Estado social”, acredita o Movimento 3D.

Daí ser urgente “encontrar formas de Governo diferentes do actual modelo”. Mas que passem por uma convergência de esquerda, realça ao PÚBLICO Ricardo Paes Mamede que rejeita qualquer ideia de o Movimento 3D poder ser um factor divisor à esquerda. “É precisamente o contrário: surge como vontade de congregar forças entre aqueles que discordam da estratégia e dos métodos da troika e do actual Governo”, vinca. O primeiro passo do Movimento 3D é dado nas europeias, que servirá de impulso para o salto para as legislativas de meados do próximo ano, altura em que os promotores querem já ter os alicerces para um programa de governação para levar ao escrutínio dos eleitores.

Entretanto, o Manifesto pela Dignidade, pela Democracia e pelo Desenvolvimento: Defender Portugal, lançado há três semanas, já reuniu mais de cinco mil subscrições, anunciou a comissão instaladora do 3D. Este órgão está a organizar a primeira assembleia nacional de subscritores para o primeiro ou segundo fim-de-semana de Fevereiro, provavelmente em Lisboa. Nessa altura, os promotores querem já ter “uma noção clara da viabilidade do projecto”.
 
 
 

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