Maioria dos fundadores do PS apoia António Costa para primeiro-ministro

Mário Soares, Alfredo Barroso, Arons de Carvalho e Mário Mesquita são 25 dos 35 históricos socialistas a tomar partido, por manifesto, na disputa da liderança do PS.

A maioria dos fundadores do Partido Socialista — 25 dos 35 sobreviventes, a começar por Mário Soares — subscreveu um manifesto de apoio a António Costa na corrida para candidato a primeiro-ministro.

Segundo noticiou este sábado a TVI, históricos socialistas como Soares, Arons de Carvalho, Alfredo Barroso e Mário Mesquita revêem-se no texto onde se diz ser “indispensável que António Costa seja o candidato a primeiro- ministro”, por estar em “melhores condições externas e internas para ganhar as próximas eleições legislativas e oferecer a Portugal uma alternativa sólida, clara e de esquerda”.

Nuno Godinho de Matos, outro dos subscritores do manifesto, disse à TVI que considera o actual presidente da Câmara de Lisboa “uma pessoa mais sólida, mais preparada” do que António José Seguro, “e que se afirmou na política trabalhando em público e para o público”, enquanto o actual líder do PS “não tem curriculum”.

Depois de defender a "participação de todos" neste processo de "clarificação" do partido, os subscritores do manifesto apelam a que "o debate e o processo eleitoral decorram no cumprimento escrupuloso das regras democráticas, nomeadamente de transparência, lisura e respeito mútuo pelas posições de cada um".

Seja qual for o resultado das primárias de 28 de Setembro, Godinho de Matos defende que nesse momento o partido deve ser pacificado. “Se o que ganhar fizer uma caça ao homem, seja quem for, não merecia ter ganho”, disse o deputado constituinte à TVI.

A declaração de apoio, a que o PÚBLICO teve acesso, é subscrita por 25 fundadores do PS, entre os quais António Campo, Maria Carolina Tito de Morais, António Gomes Ferreira, Lucas do Ó, José Leitão, Luís Nunes da Ponte, Roque Lino e Rodolfo Crespo.

À Lusa, Nuno Godinho de Matos, que foi durante vários anos o representante do PS na Comissão Nacional de Eleições, adiantou que dos restantes 10 fundadores do PS ainda vivos, "sete quiseram ficar equidistantes", mas não identificou quais. Os outros três 3 não foram contactados por estarem ausentes do país.

Entre os nomes mais conhecidos de entre a lista original dos fundadores do PS ainda vivos, não subscrevem a declaração de apoio, por exemplo, António Arnaut e António Reis, que não quiseram dizer quem apoiam.

António Costa considerou "muito encorajador" e " muito estimulante" a manifestação de apoio à sua candidatura à liderança do partido. "É um documento (declaração de apoio) muito encorajador para mim, muito estimulante, ver que os fundadores do PS estão comigo e que acreditam e estão apostados em reforçar o futuro do PS", disse António Costa.

O presidente da Câmara de Lisboa, que falava aos jornalistas em Portalegre, à margem de uma acção de campanha junto de militantes e simpatizantes da sua candidatura à liderança do PS, acrescentou ainda que tem "sentido em todas as gerações muito apoio".

Condições ou ultimato?
Mas esta manifestação de apoio não é incondicional, pelo menos para um dos signatários. Em declarações à TSF, Alfredo Barroso afirma que António Costa ainda tem que "esclarecer" alguns pontos que considera fundamentais, como a sua posição face ao Tratado Orçamental - "um colete de forças imposto do exterior que leva a mais austeridade" -, ou a sua política de coligações. "Se vai ser feira uma aliança com os partidos da direita, não tem o meu apoio", acrescentou Barroso.

Para João Proença, apoiante de António José Seguro, as declarações de Alfredo Barroso revelam que o manifesto de apoio é, acima de tudo, "um ultimato a António Costa". Também à TSF, o ex-líder da UGT afirmou que "até agora António Costa tem fugido à clarificação sobre pontos centrais que justificam a sua candidatura". E por isso "aparecem agora algumas pessoas históricas do PS que, embora apoiem a pessoa de António Costa, exigem que clarifique as razões da sua candidatura em pontos centrais".

Proença considera que essa exigência significa que António Costa "tem sido pouco claro relativamente às suas posições e que a sua candidatura se tem baseado em posições de D. Sebastião, messiânicas, muito mais que em posições claras face às políticas".

 

 

  

  


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