Machete destaca importância do acordo das redes energéticas para Portugal e Espanha
Nos primeiros oito meses do ano, exportações lusas aumentaram sete por cento para Madrid.
O ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros destacou esta segunda-feira a importância que tem para Portugal e Espanha o acordo alcançado na semana passada no Conselho Europeu sobre redes energéticas.
“Trata-se de um acordo fundamental para a criação de um efectivo mercado europeu de energia”, disse Rui Machete num almoço da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola.
“Aquele acordo é importante para a diversificação das fontes de abastecimento da Europa, que assim poderá reduzir a sua dependência em relação ao gás russo, uma fragilidade que se tornou evidente com a actual crise na Ucrânia”, assinalou o chefe da diplomacia portuguesa.
Machete referiu também que, para Lisboa e Madrid, se abre uma oportunidade única de negócio. “Para dinamizar a exportação de electricidade produzida a partir de fontes renováveis e o abastecimento de gás à Europa através do gás proveniente do norte de África ou dos Estados Unidos”, justificou. Tal operação, recordou, potencia e rentabiliza as infra-estruturas já existentes, como o porto de Sines.
“Para as empresas, este acordo significa uma oportunidade única para o acesso ao mercado de energia num patamar de equidade em maior convergência com o restante mercado da Europa Central, o que representa um novo paradigma de competitividade para as empresas portuguesas e espanhola”, sublinhou.
A decisão do Conselho Europeu de Bruxelas, que favorece as pretensões ibéricas face à tradicional resistência de França, foi tomada num bom momento para as diplomacias de Lisboa e Madrid.
“Manifestámos o nosso contentamento de forma muito sentida com a eleição de Espanha como membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, numa semana em que também Portugal alcançou um feito histórico com a sua eleição para o Conselho de Direitos Humanos”, manifestou o titular dos Negócios Estrangeiros.
Sobre o actual estado das relações bilaterais entre Portugal e Espanha, Rui Machete forneceu os últimos dados. “Se excluirmos os produtos energéticos e segundo os dados já consolidados referentes aos primeiros oito meses de 2014, este incremento de exportações portuguesas para Espanha atinge os 7%, devido principalmente aos sectores têxtil, agro-alimentar e de fornecimento do sector automóvel”, revelou.
Apesar da diversificação das exportações de Portugal, a Espanha continua a ser o principal cliente dos produtos portugueses, sendo destino de 23% do total das exportações. Por seu lado, com uma quota de 30%, os espanhóis são o principal fornecedor de Portugal.
No ano passado, as exportações portuguesas para a Espanha atingiram cerca de 10,2 mil milhões de euros, o que representou um acréscimo de mais de mil milhões de euros face a 2012. “Sublinho 4esta importância porque este crescimento não foi compensado por qualquer quebra noutros destinos das exportações portuguesas”, concluiu Rui Machete.