Livre/Tempo de Avançar quer “abanar a política” e “determinar o futuro do país”

“Determinar o futuro do país é determinar com maiorias” que dependem de várias forças políticas, entre as quais o Livre/Tempo de Avançar, o PCP, o BE, o PS. Pretende-se, explica Daniel Oliveira, formar uma “maioria contra a austeridade”.

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Daniel Oliveira Daniel Rocha
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Ricardo Sá Fernandes Daniel Rocha
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Rui Tavares e Daniel Oliveira Daniel Rocha

Com papoilas ao peito, mais de metade dos 385 candidatos a deputados nas primárias do Livre/Tempo de Avançar sobem a escadaria da Assembleia da República. O momento é simbólico e foi registado em fotografia. Agora estão nos degraus a acenar para a máquina fotográfica, mas o objectivo é chegar ao hemiciclo nas eleições legislativas. “Quantos mais, melhor”, diz o dirigente Daniel Oliveira, que não é, porém, candidato.

Nesta quarta-feira, o Livre/Tempo de Avançar decidiu reunir os quase 400 candidatos a deputados nas primárias do partido para fazer uma “fotografia de família”. A expressão faz jus pelo menos à diversidade geracional ali representada. Dois exemplos apenas: Margarida Bak Gordon tem 20 anos; José Manuel Tengarrinha, que foi deputado na Constituinte, tem 83. Também é candidato a candidato Fernando Sousa Marques que foi deputado na Assembleia da República pelo PCP entre 1976 e 1983.

Do total de 385 candidatos, que chegaram até esta fase do processo, apareceram, nas escadarias do Parlamento, 227. De todo o país. As eleições primárias do Livre/Tempo de Avançar são a 20 e 21 de Junho – é a votação na qual os cidadãos ordenarão os candidatos que querem ver nos primeiros lugares da lista - e a inscrição para votar nas primárias termina a 14 de Junho.

Depois de salientar a “diversidade profissional, regional, etária e a paridade de género” da moldura humana ali representada, Daniel Oliveira faz questão de sublinhar que, nestas eleições primárias, “as pessoas não se candidatam umas contra as outras”, mas “para ajudar a construir o movimento”: “É uma equipa que concorre com uma equipa.” O objectivo é eleger deputados, “quantos mais, melhor”, de forma a poder “determinar o futuro do país”.

“Determinar o futuro do país é determinar com maiorias políticas que dependem de várias forças políticas. Não concentramos nem nunca concentrámos a questão no PS. Os portugueses vão, esperamos, construir uma maioria contra a austeridade. As forças que vão corresponder-lhe têm o dever, perante os portugueses, de construir uma solução - isso inclui-nos a nós, ao PS, o PCP, o BE, a todas as forças que queiram responder positivamente a esta vontade dos portugueses", declarou.

O partido, nota Daniel Oliveira, quer “abanar a vida política portuguesa”. Salienta que já apresentaram a sua Agenda Inadiável, o núcleo central do programa eleitoral, e que ela terá tanta mais força política “quanto mais votos tiver”.

“Completamente inovador”
A “família” do Livre/Tempo de Avançar tirou fotografias sentada, de pé, com as mãos e os punhos no ar. Havia vários rostos conhecidos, para além de Rui Tavares e Ana Drago. Posaram para a fotografia a actriz São José Lapa; os docentes da Universidade de Coimbra, Abílio Hernandez e José Reis; o actor André Gago; o advogado Ricardo Sá Fernandes; o jornalista Jorge Wemans, entre outros.

O que leva pessoas de gerações tão diferentes e com percursos tão distintos a candidatar-se? Margarida Bak Gordon, 20 anos e neste momento a estudar Ciência Política, diz que não consegue estar parada e “quis participar na própria solução”. Já Fernando Sousa Marques tem “mais de 50 anos de militância”: “Comecei nos meus tempos de juventude como activista estudantil e ainda antes do 25 de Abril, como militante do PCP. Entrei no PCP em 1970 e saí em 1990”, conta. Foi deputado logo em 1976, “na primeira Assembleia da República” e, antes disso, em 1973 e 1974, foi preso pela PIDE. Está sobretudo preocupado com o país que as gerações mais novas e “os que vêm a seguir” vão encontrar: “Este caminho do empobrecimento, esta subordinação a interesses financeiros que nada têm a ver com economia, mas com lucros especulativos, tem de ter um fim. Isto levou-me a querer fazer qualquer coisa hoje para poder assistir amanhã.”

José Manuel Tengarrinha, que foi deputado na Constituinte e em várias legislaturas, salienta que, apesar de toda a experiência política que tem, “nunca” viu “nada parecido” com este processo de candidaturas às eleições primárias do Livre/Tempo de Avançar. “É completamente inovador”, diz, acrescentando que também se revê nas propostas apresentadas para o país e para a Europa, “uma Europa democrática”.

“É uma maneira nova de fazer política, dá esperança à forma de fazer política”, remata o líder do partido, Rui Tavares, confiante de que o Livre/Tempo de Avançar vai “mobilizar muita gente” e é um movimento que “vai durar toda a legislatura”. 

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