Livre ambiciona reforçar a esquerda sem coligação pré-eleitoral com PS

Transição na liderança socialista exige compasso de espera. Certo é que cada um conquistará o seu eleitorado nas legislativas.

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A reunião entre os responsáveis do Livre e do PS decorreu em terreno neutro, na Assembleia da República. Daniel Rocha

Se haverá uma coligação depois das eleições legislativas de 2015 é cedo para definir. Até lá, Livre e PS preocupam-se em caçar votos aos seus eleitorados, em separado. O “pólo” de esquerda ficará assim mais “alargado e aprofundado” para derrotar a direita. Foi pelo menos esta a convicção expressa por Rui Tavares, dirigente do Livre, após uma reunião esta terça-feira com o PS.

Quando António Costa discursou no congresso do Livre, a 5 de Outubro, deixou para cada um a conquista dos seus votos nas próximas eleições. Essa mesma ideia foi agora reproduzida por Tavares, à saída do encontro com o PS, na Assembleia da República.

Questionado sobre uma coligação pré-eleitoral concretizada numa participação de membros do Livre nas listas do PS para as legislativas, respondeu que “o Livre pretende reforçar o meio da esquerda e o mais importante é que cada pólo que se apresentar às eleições mobilize o eleitorado que conseguir representar”.  No entanto, são parceiros já definidos a Associação Fórum Manifesto, liderada pela ex-bloquista Ana Drago, a Renovação Comunista e independentes.

O partido com o símbolo da papoila espera conquistar os eleitores que se revejam numa “esquerda que não é centrista nem é extremista, mas que está à esquerda do PS” disposta a “fazer significativamente diferente” e “não mais do mesmo ou um bocadinho do mesmo”. E o “mais vantajoso para o país” é justamente "um pólo forte à esquerda do PS” que permita uma alteração governativa.

Sobre pontos de concordância com o PS, o historiador inscreve as “desigualdades sociais” no topo de uma agenda que inclui preocupações com o trabalho com direitos, o combate à precariedade, a pobreza infantil, uma "voz forte na Europa," o que obriga à renegociação da dívida e ao combate ao Tratado Orçamental nos moldes em que está definido.

Com o PS numa fase de “transição”, a presidente Maria de Belém Roseira também não aprofundou sobre estes “processos em evolução”. Apontou para a moção estratégica e para as eleições directas como o passo que é preciso dar para o debate das convergências ganhar fôlego. À saída do encontro, registou, no entanto, “um afinar de preocupações comuns”.

“Estamos nunca fase se transição. A breve prazo será apresentada a moção estratégica do partido com a eleição do secretário-geral. A seguir a essa fase de estabilização do PS será com certeza muito mais produtivo qualquer aprofundamento das convergências.”

Na reunião de cerca de 45 minutos, na qual esteve acompanhada pelo líder do grupo parlamentar, Eduardo Ferro Rodrigues, a presidente do PS alinhou na necessidade de uma “governação de outro tipo, de outra natureza e com outras linhas programáticas”, mas preferiu não pormenorizar conteúdo. Disse presumir que os contactos com o partido fundado pelo ex-eurodeputado eleito pelo BE se manterão, mas deixou a questão “nas mãos da futura direcção do PS”.

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