Líderes concelhios afectos a Costa falham reunião convocada pela distrital do Porto

José Luís Carneiro convocou para esta quinta-feira uma reunião para discutir a representatividade política do distrito nos futuros órgãos nacionais.

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Carneiro apoiou Seguro, mas aceitou a vitória interna de Costa Fernando Veludo/NFACTOS

A convocação de uma reunião da distrital do PS-Porto para esta quinta-feira com todas as concelhias do distrito está a gerar forte contestação junto de apoiantes de António Costa, que consideram que José Luís Carneiro, apoiante de António José Seguro nas primárias, não está legitimado pelo futuro secretário-geral para discutir a representação do distrito nos órgãos nacionais do partido.

Este ponto da ordem de trabalhos já suscitou uma tomada de posição do presidente da concelhia, Manuel Pizarro, um peso pesado no apoio de António Costa. Ausente no estrangeiro, Pizarro já transmitiu a Carneiro o seu descontentamento pelo facto de a distrital querer tomar um posição sobre um assunto que “deve ser tratado nos canais próprios do partido”.

Ao que o PÚBLICO apurou, o líder concelhio enviou um e-mail a José Luís Carneiro onde afirma “não entender o alcance político e estatutário da reunião da distrital”. “O PS não é uma confederação de federações”, declara o presidente da concelhia do PS-Porto.

Tiago Barbosa Ribeiro, número dois da lista de Manuel Pizarro, reforça a posição, frisando que a concelhia não se fará representar na reunião, “porque estranha os termos em que a mesma foi convocada”. E repete que o “o PS não é uma associação de federações, por isso quem decide e vota a composição dos órgãos nacionais são os delegados eleitos para o Congresso Nacional”.

“Não há memória de uma reunião desta natureza e anteriormente nunca fomos convocados para tal. Estamos inteiramente disponíveis para reuniões em torno da organização do acto eleitoral, mas não para discutir listas”, vinca Tiago Barbosa Ribeiro, advertindo que iniciativas destas “fragilizam o processo democrático e o peso de todos os militantes do distrito do Porto". 

Ausente vai também estar Mário de Almeida. O líder da concelhia do PS de Vila do Conde declarou ao PÚBLICO não ter memória do partido fazer uma iniciativa destas e prefere interpretar a convocação da reunião como "uma forma de auscultar os presidentes das concelhias". “Entendo que possa estar a gerar algumas reticências pelo facto de nunca ter acontecido no passado uma inicitiva deste género, se é positivo ou negativo só se saberá no final da reunião”, rematou.

Também a concelhia do Marco de Canaveses vai estar ausente por motivos profissionais. Cristina Vieira mostra-se surpreendida e diz que “a forma como foi convocada não foi muito sensata”. E questiona: “Se estas reuniões nunca aconteceram, então deve de haver alguma estratégia por detrás dela”. Num tom provocatório, atira: “Convocar os presidentes das concelhias para definir a representatividade política do distrito nos órgãos nacionais não é competência das concelhias”. De resto, Cristina Vieira teme que a reunião sirva para “negociar” o peso das concelhias nas primárias - onde Seguro ganhou a Costa – e na sequência disso “apresentar uma lista”. "Vamos esperar", diz.

Mas há mais ausências, designadamente do presidente da concelhia do PS da Póvoa de Varzim. Ivo Maio entende que este “não é o timing para discutir a representatividade política do distrito”, porque “estamos às portas de um Congresso Nacional". Se o teor da união for mesmo esse “não contarão com a concelhia da Póvoa”, frisa .

Nuno Araújo, ex-deputado e dirigente concelhio de Penafiel, afirma, por seu lado, que se a reunião acontecer “será inédita, não só no Porto como no país”. Observa que “não faz qualquer sentido convocar uma reunião, uma vez que quem participa no congresso são os delegados, sejam eles inerentes ou eleitos nas estruturas, e caberá a eles lutar pela representatividade de cada uma das estruturas”.

Nuno Araújo, que integrou a direcção de campanha de António Costa no distrito para as primárias, refere desconhecer que alguma vez tenha ocorrido em anos anteriores qualquer coisa semelhante, com qualquer um dos presidentes de federação que exerceram funções à data. Nunca a federação tentou tutelar as concelhias do PS nesta matéria, afirma. "Aliás, José Luís Carneiro era presidente da federação no último congresso nacional e ninguém se recorda que uma reunião semelhante tenha ocorrido”. “Talvez nessa altura não fosse preciso ouvir/dialogar com as estruturas do PS”, remata.

O PÚBLICO tentou contactar José Luís Carneiro, mas tal revelou-se impossível.

 

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