Líder do PS Porto elogia negociações com a coligação PSD/CDS

Históricos socialistas Almeida Santos e Manuel Alegre não têm dúvidas sobre a viabilidade de um Governo de esquerda com PS, PCP e Bloco.

Foto
José Luís Carneiro, líder do PS-Porto, foi alvo de críticas

O presidente da Federação do Porto do PS, José Luís Carneiro, considerou esta terça-feira que as propostas socialistas que a coligação PSD/CDS-PP está disponível para acolher constituem "um primeiro resultado positivo" do processo de diálogo político.

Esta posição de José Luís Carneiro, que preside à maior federação distrital dos socialistas, foi transmitida à Lusa a poucas horas da segunda reunião entre o secretário-geral do PS, António Costa, com os presidentes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, Paulo Portas, tendo em vista encontrar uma solução de Governo na sequência das eleições legislativas.

"As propostas inscritas no programa eleitoral do PS que a maioria PSD-CDS está disponível para acolher constituem um primeiro resultado positivo do diálogo político encetado e mostra ser possível garantir os compromissos internacionais do Estado Português, e compatibilizar a competitividade inteligente e sustentada com a justiça social", sustentou o dirigente socialista.

Na mesma declaração, o presidente da Federação do Porto do PS encara o diálogo entre o seu partido e o PCP e o Bloco de Esquerda na lógica de "uma plataforma política de trabalho parlamentar". "O PS deve valorizar a disponibilidade da esquerda parlamentar na medida em que a mesma permita constituir uma plataforma política de trabalho parlamentar, tendo em vista modificar as opções de política seguidas pela maioria politica que tem vindo a governar o país", acrescenta.

O presidente honorário do PS, Almeida Santos, acredita que "tudo se encaminha para um Governo de esquerda" em Portugal, e sublinha que a "experiência" de uma coligação à esquerda "deve ser feita". À entrada para a apresentação da candidatura presidencial de Maria de Belém, no Centro Cultural de Belém (CCB) o histórico socialista considerou que o caminho negocial à esquerda é "possível" e "talvez garanta melhores resultados do que tem garantido o Governo de direita".

Também Manuel Alegre apoia “inteiramente” a opção de António Costa negociar à sua esquerda. “Apoio a formação de um Governo que garanta estabilidade. E neste momento é um Governo do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda que é a alternativa que garante estabilidade e é a alternativa que tem uma maioria parlamentar”, defendeu o histórico socialista também no CCB. Alegre afirma ainda que um Governo de esquerda “é uma solução democrática” e tem reflexa numa “maioria parlamentar”, pelo que considera “grave” se o Presidente da República recusar tal solução.

Mais cauteloso é Alberto Martins. O líder da bancada parlamentar do PS no tempo de António José Seguro prefere aguardar pelo final das negocições para “apurar quais as soluções concretas que são previsíveis”. Considera existir “legitimidade constitucional para qualquer solução” e diz que é preciso aferir quais as “condições concretas para uma boa governação”.

Sem querer comentar o assunto, Nuno Severiano Teixeira, antigo ministro dos governos de José Sócrates, preferiu olhar para o que considera importante estar em cima da mesa: “As grandes linhas, como as opções europeias, o respeito pelo Tratado Orçamental, a presença Atlântica de Portugal são fundamentais e devem ser consideradas no sentido de que não haja instabilidade nem sobressaltos – mais do que os que já existem.”

Menos optimista sobre este caminho é João Proença, que pertenceu ao Secretariado Nacional da direcção de António José Seguro, e que diz que a "prioridade" devia ser a de um "entendimento" do PS com PSD e CDS-PP. Proença afirma ter "muitas dúvidas" sobre a viabilidade de um Governo de coligação de esquerda porque num cenário desses "não haverá verdadeiramente um Governo de esquerda, antes um Governo minoritário do PS.”

 

 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários