KO, vence a geringonça

Para já a direita continua a perder em toda a linha e não se vislumbra reviravolta.

Está concluído o primeiro ciclo político da nova maioria e é justo dizer que a geringonça saiu vencedora deste round inicial com a oposição de direita. O debate quinzenal na Assembleia da República foi, de resto, o espelho desta realidade, visível numa certa impotência do lado do PSD e na inconformada agitação da bancada do CDS, com Assunção Cristas imparável, mas menos eficaz do que outras vezes. Formalmente, o fecho desse primeiro ciclo só ocorre hoje, com a votação do Programa de Estabilidade, mas o resultado que daqui sair não vai beliscar a ‘vitória’ de uma maioria engendrada na 25ª hora e que tem funcionado contra todas as previsões e apesar de si própria. António Costa percebeu muito bem este momento de superação e daí ter desfiado, uma a uma, as derrotas que nestes quatro meses foram sendo impostas aos “planos” da ex-maioria PSD/CDS. Plano A, a aposta que os mercados não aceitariam a solução política governo minoritário PS com apoio de dois partidos radicais; plano B, a garantia que a Comissão Europeia não deixaria passar o Orçamento de Estado; plano C, que o OE não passaria no Parlamento; plano D, a convicção de que o Programa de Estabilidade (PE) suscitaria dificuldades acrescidas entre os partidos que apoiam o Governo. Não é que tudo seja um mar de rosas no seio da esquerda, como a oposição publicamente declarada do PCP ao PE demonstra, mas nada que, para já, possa abalar o quadro governativo. Costa foi mais taxativo e avisou: “Já perceberam que a espera [para regressar ao poder] vai ser longa”. E será se a distribuição de rendimentos se mantiver e se a economia suportar esta alternativa ao modelo troika. Catarina Martins tem sido muito explícita neste particular e Jerónimo de Sousa sabe que não tem condições para se pôr de fora deste comboio, mesmo se certas carruagens forem inabitáveis. Depois, há os eleitorados e a esquerda está viver em modo feliz.

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