Juntos Podemos reúne assembleia para construir agenda e formalizar movimento

Movimento de cidadania vai debater temas como a dívida, habitação, rendimento básico, mas também a dicotomia democracia/corrupção e o modelo económico ideal.

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A manifestação de Lisboa arrancou na Praça José Fontana Enric Vives-Rubio

Este será um fim-de-semana de análise, discussão, procura de ideias e de soluções para os problemas durante uma Assembleia Cidadã organizada pelo movimento Juntos Podemos, mas que servirá também para este tomar o pulso aos seus apoiantes e perceber se já tem base para construir uma agenda e força para formalizar a sua situação.

Nuno Ramos de Almeida, um dos organizadores, admitiu ao PÚBLICO que “qualquer forma de decisão sobre o futuro do Juntos Podemos tem que ter em conta as legislativas de 2015”. E isso dependerá da “elaboração de um programa, da reacção dos protagonistas [aos caminhos possíveis para o futuro do movimento] e da capacidade que tiverem para ser o quê”.

O Juntos Podemos organiza sábado e domingo uma Assembleia Cidadã no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa. Sábado de manhã há oficinas auto-organizadas por diversos movimentos sociais subordinadas a temas como a dívida, habitação, rendimento básico incondicional ou o TTIP – Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento. À tarde e todo o dia de domingo realizam-se conferências em que participam também dirigentes do Podemos Espanha.

“Não há democracia com corrupção”, “Temos o direito de escolher o modelo económico sob o qual vivemos” e “A democracia é de todos, o povo é quem mais ordena” são os nomes dados às três conferências plenárias das quais é suposto tirarem-se conclusões que ajudarão a construir uma agenda de trabalho do movimento. A porta estará aberta a todos os que queiram participar, independentemente das suas convicções políticas, diz Nuno Ramos de Almeida.

Entre os oradores encontram-se a ex-bloquista Joana Amaral Dias, os economistas João Romão e Jorge Bateira, a historiadora Raquel Varela, a activista Paula Gil - que participou na organização do Movimento 12 de Março de 2011 -, o jornalista do PÚBLICO José António Cerejo,e os dirigentes do Podemos espanhol Jesús Jurado e Carolina Bescansa.

Recusando que haja uma tentativa de aproximação ao Livre de Rui Tavares ou a qualquer outro partido ou movimento, Ramos de Almeida afirma que o futuro do Juntos Podemos não precisa de passar necessariamente pela forma de um partido. Mas é também essa avaliação que se fará aqui.

“Os protagonistas do Maio de 68 não precisaram de um partido para provocarem alterações profundas na sociedade”, realça. O que falta em Portugal são movimentos sociais e iniciativas da sociedade civil para olhar para si própria, nas suas diversas vertentes. “É preciso reforçar a participação dos cidadãos sem passar obrigatoriamente por partidos”, exemplificando com os referendos locais convocados pela população.

A prioridade do Juntos Podemos está, por isso, no “programa, e as formas de o alicerçar terão que ser vistas depois, em função desse programa”. Até porque um partido não se cria com varinha de condão e implica ter uma força de mobilização, um quadro jurídico e institucional, uma estrutura de pessoal a que o movimento ainda não conseguirá corresponder.

Nuno Ramos de Almeida considera que este é o momento para agir. “A forma como tudo está a cair como se fosse um baralho de cartas, em que se sucedem casos como o do BES, vistos dourados e Sócrates em tão pouco tempo, mostra que alguma intervenção tem que ser feita agora, já. Seja como movimento, associação ou partido.”

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