Jornal de Angola acusa Portugal de preparar “interferência em massa” nas eleições

Editorial refere que “talvez não fosse mau seguir as lições do passado e o exemplo de Trump”.

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Angola vai ter eleições gerais este ano SIPHIWE SIBEKO / Reuters

O mote do editorial deste domingo do Jornal de Angola é a eleição de Donald Trump, mas o texto com o título “A viragem no caminho da América” é aproveitada para acusar Portugal de estar a preparar-se para interferir nas eleições gerais (a realizar este ano), e de ter “um plano diabólico”.

Apesar de considerar que “a derrota de Hillary [Clinton], vencedora da votação [popular], foi uma vergonha para a democracia mundial”, o editorialista escreve que “ainda é cedo para avaliar o que será a América de Trump”, salvaguardando que “o facto de apontar como único inimigo militar externo o extremismo do ISIS – ninguém de bom senso duvida – e priorizar o combate no terreno económico, numa altura em que se tornou moda e gala a interferência a torto e a direito em assuntos alheios, é um bom sinal”. E é neste contexto que surgem as acusações a Portugal, como já tem acontecido em outros editoriais. “Portugal prepara-se para exercer uma interferência em massa nas eleições gerais deste ano em Angola. Com a ajuda de antigos colonos, servidores do apartheid, finança internacional, falsos jornalistas, canais televisivos e revolucionários de pacotilha, está em curso um plano diabólico”.

E em jeito de recomendação, refere que “talvez não fosse mau seguir as lições do passado e o exemplo de Trump”. Para terminar com um “deixem ser os próprios angolanos a decidir sobre os seus destinos!”

Angola realiza eleições gerais em 2017, tendo José Eduardo dos Santos, Presidente angolano desde 1979, anunciado anteriormente que pretende abandonar a vida política.

No texto é destacado que “a ideia de defesa do perdido orgulho da América, avançada de forma explícita pelo novo Presidente dos Estados Unidos, falando numa ‘América Primeiro’, mesmo na relação com o resto do planeta, contrasta com os oito anos de Obama e seus antecessores. Só agora é possível perceber qual foi a mudança de Obama – ou o seu falhanço”. 

Ao longo do texto sobre presidenciais americanas, José Ribeiro escreve que  “durante as eleições ficou provado que o sistema eleitoral dos EUA está refém de poderes privados": "Ficou ainda claro que a justiça e a transparência do processo eleitoral, no final, não estão garantidas. O voto é decidido por um Colégio Eleitoral que decide de modo diferente da vontade expressa pelo eleitorado. A candidata democrata Hillary Clinton teve mais três milhões de votos do que o adversário, suficientes para ser declarada vencedora, mas o Colégio Eleitoral deu a vitória a Trump. O voto não é respeitado. Uma fraude eleitoral e um escândalo”.

E acrescenta que “em oito anos Obama nada fez para mudar um sistema eleitoral viciado. Como nada fez por África, que depositou em si muita da sua esperança naif. As mulheres africanas, que Obama veio defender com frases bonitas, agradecem, mas são elas as primeiras discriminadas na América”.

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