João Semedo confessa que o BE não apresentou "candidatos credíveis" às autárquicas

Partido perdeu a única câmara que detinha para o PS.

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Miguel Manso

O coordenador do Bloco de Esquerda (BE) afastou a responsabilidade da direcção do partido nos resultados obtidos nas autárquicas do último domingo, não deixando porém de apelar à demissão de Pedro Passos Coelho e do seu executivo.

“Não há nenhuma razão para que a coordenação do Bloco se demita”, declarou João Semedo numa entrevista concedida na manhã desta quarta-feira à Antena 1.

O coordenador do BE descartou assim as responsabilidades da sua direcção, eleita há dez meses, nos resultados das últimas autárquicas. Ainda assim, João Semedo pede a Passos Coelho que se demita, considerando que “o Governo ficou mais isolado e mais fraco” depois dos resultados obtidos nas autárquicas.

Semedo assumiu que o trabalho desenvolvido pelo BE, a nível local, é fraco e que o partido “não tem enraizamento local”, acrescentando ainda que, à excepção do caso de Salvaterra de Magos, não apresentou “candidatos credíveis”.

José Soeiro, militante do BE que concorreu ao Porto, explica as palavras de Semedo: o BE entrou na campanha autárquica com o objectivo de eleger vereadores, ficando muitas vezes fora da corrida ao lugar de presidente.

"Nunca foi dito que os candidatos do BE não eram nem capazes nem credíveis. O que foi dito é que no contexto das eleições autárquicas o que está muitas vezes em causa é a eleição do presidente, e o partido assumiu, em diversos concelhos, que não estava na luta por esse lugar mas sim a disputar a eleição de um vereador, o que não quer dizer que os candidatos não sejam capazes", diz ao PÚBLICO.

Durante a entrevista conduzida pela jornalista Maria Flor Pedroso, o próprio João Semedo explica exactamente isto, os candidatos não são credíveis na medida em que não entram directamente na luta pelo lugar de presidente.

Na sequência do que tem sido divulgado pelos meios de comunicação social, o coordenador do BE publicou uma nota no Facebook condenando a forma como as suas declarações estão a chegar ao público. "Isolar um trecho da entrevista, omitindo a explicação que na mesma foi feita sobre o seu sentido, só pode contribuir para a criação de um equívoco na opinião pública."

Semedo oferece ainda aos seguidores da sua página a oportunidade de ouvir a entrevista na íntegra e desfaz o mal entendido: "Como fui o primeiro a reconhecer,no passado domingo, o Bloco de Esquerda apresentou excelentes candidatos, com bons programas, que se bateram com empenho e dedicação num contexto muito difícil. Nunca disse o seu contrário, nem tal poderia ter dito."

O BE perdeu para o PS a única autarquia que tinha um presidente do seu partido, a de Salvaterra de Magos, cuja presidente era Ana Cristina Ribeiro.
 
 

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