Jerónimo defende que Governo devia "aprender a lição" com a Grécia

O líder comunista abordou o resultado do referendo na Grécia e enalteceu a recusa dos gregos face às políticas de austeridade.

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Jerónimo de Sousa quer que PS se decida "se quer ser da situação ou ser da oposição" Carlos Lopes/arquivo

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu esta segunda-feira que o Governo devia "aprender a lição" do povo grego ao recusar o acordo imposto pelos credores internacionais, mas não acredita numa alteração da posição portuguesa.

"Não verificamos nenhuma vontade de alterar o posicionamento, porque o Governo, tal como o Presidente da República, tiveram um papel profundamente negativo, que não nos orgulha, um posicionamento de falta de brio patriótico, de seguidismo inaceitável", afirmou Jerónimo de Sousa, perante a vitória do "não" no referendo na Grécia.

O dirigente comunista, que falava em Lisboa à margem de uma reunião na sede do partido com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), considerou que o Governo de Pedro Passos Coelho "devia aprender a lição e dar combate a esta tentativa de outros decidirem" pelos portugueses, em relação ao futuro para o país.

A vitória do "não" representou uma "rejeição clara por parte do povo grego das políticas e das medidas de empobrecimento e de exploração" a que está sujeito, e também "uma vitória sobre a chantagem e a pressão inaudita que se verificou nestes últimos tempos, procurando vergar e humilhar aquele povo", acrescentou.

"Com a sua posição em relação ao referendo, quis demonstrar não é que quer morrer de pé, antes pelo contrário: é um povo que quer viver de pé, com dignidade através da afirmação da sua soberania", salientou o secretário-geral do PCP.

Para Jerónimo de Sousa, a decisão da Grécia "deveria ser exemplo para o Governo [português] que, alinhando com os poderosos, com o directório de potências, com as instituições da União Europeia, com o FMI [Fundo Monetário Internacional], procura tentar branquear aquilo que foi o seu posicionamento sempre de submissão, de seguidismo, em relação a essas orientações, aos ditames, aos instrumentos que a União Europeia e o FMI têm imposto aos povos".

"Nesse sentido, pensando no nosso país, e continuando a afirmar aquilo que a Constituição da República afirma - que a soberania reside no povo -, cremos nós que tem de haver uma ruptura com este caminho de submissão, de aceitação passiva, de alienação de parcelas da nossa soberania e, simultaneamente, dar força a esta ideia de que os povos têm direito de escolher o seu devir colectivo", frisou. Para o secretário-geral comunista, "independentemente de desenvolvimentos ainda imprevisíveis", o referendo "foi uma grande afirmação da vontade de um povo em viver com dignidade".

Os gregos recusaram no domingo, em referendo, por ampla maioria (61,34 por cento) as propostas dos credores internacionais, agravando o clima de incerteza em relação ao euro, que será analisado terça-feira numa reunião do Eurogrupo e numa cimeira extraordinária da zona euro.

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