Jerónimo de Sousa diz que Cunhal tinha razão

Secretário-geral do PCP defende que projecto comunista continua válido e que o capitalismo não resolveu os problemas do mundo.

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Jerónimo de Sousa rui Gaudêndio

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje que o projecto comunista está “bem vivo” e continua a “iluminar o caminho” dos que lutam pelas aspirações do povo, numa evocação da vida e obra de Álvaro Cunhal.

“Um projecto que alguns se apressaram a declarar como definitivamente morto, mas que está não só vivo e bem vivo, como o ideal que transporta continua a iluminar o caminho dos que continuam a lutar pela concretização das mais profundas aspirações do povo, certos de que um dia ele será futuro”, afirmou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP discursava na abertura do Congresso “Álvaro Cunhal - O projeto comunista, Portugal e o mundo de hoje”, que decorre até domingo na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Jerónimo de Sousa sustentou que, “como afirmava Álvaro Cunhal, nem o projecto comunista de uma sociedade nova e melhor deixou de ser válido, nem o capitalismo se mostrou ou mostra capaz de resolver os grandes problemas da humanidade”.

Prova disso é, afirmou, a “actual crise do capitalismo, com o seu rol de destruição económica, retrocesso social, injustiças e desigualdades”.

No projecto comunista “não cabe apenas a realização dos seus grandes objectivos, a construção do socialismo e do comunismo”, mas também as “múltiplas causas” como “a defesa dos trabalhadores e do povo, dos seus justos interesses e direitos, contra a ofensiva e prepotência do grande capital”.

O combate permanente às desigualdades e injustiças sociais, o “compromisso de lutar e organizar a luta para lhes pôr termo”, a luta pela liberdade e democracia, a “luta actual contra a política de direita e pela concretização de uma alternativa para servir o povo e o país” são causas que cabem no projecto comunista, disse.

Do legado de Álvaro Cunhal, sublinhou, está a “luta pela conquista da liberdade, por um projecto de desenvolvimento ao serviço do país e do povo pela independência nacional” e a “luta por uma sociedade nova liberta da exploração do homem pelo homem” e uma “inabalável confiança nos trabalhadores”.

Com a realização do Congresso sobre Álvaro Cunhal, um “comunista convicto” e “central e destacado protagonista da história contemporânea” portuguesa, o PCP pretende “chamar a atenção para a “riqueza e profundidade” da sua obra, que “continua a ser uma referência na resposta a problemas essenciais do país”.

Barata Moura, Francisco Lopes, João Ferreira, Jorge Cordeiro, Manuel Loff são alguns dos oradores ou moderadores de uma iniciativa que terá ainda as participações de Fausto Sorini (Itália) e de Sitaram Yechury (Índia) e é dividida em quatro módulos: “O Homem, O Comunista, O Intelectual E O Artista”, “Democracia E Socialismo”, “O Processo De Transformação Social, O Partido E As Massas” e “O Capitalismo - Seus Limites E O Socialismo Como Alternativa”.

Álvaro Cunhal nasceu há 100 anos, a 10 de Novembro de 1913, em Coimbra, e morreu a 13 de Junho de 2005, em Lisboa. Foi secretário-geral do PCP entre 1961 e 1992.

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