Jerónimo critica maiorias absolutas na abertura da Festa do Avante!

A 39ª edição da festa do PCP decorre até domingo, no Seixal.

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Miguel Manso

"Num quadro em que o Governo PSD/CDS-PP, sob a batuta da troika e com o comprometimento e a rendição do PS, provocou danos profundos na vida de milhões de portugueses, deixando o país mais endividado, dependente do estrangeiro, com mais desemprego, mais emigração, mais pobreza, injustiças e concentração de riqueza nas mãos de uns quantos, o que determinou a caracterizou esta política e este Governo não foi a austeridade, foi o aumento da exploração", acusou Jerónimo de Sousa, numa das passagens do seu discurso no Seixal claramente viradas para a actualidade política, em véspera de legislativas.

O secretário-geral do PCP acusou a coligação PSD/CDS-PP de tentar "pôr o conta-quilómetros a zero" para as eleições. Aí, Jerónimo acusou "alguns" de quererem "arredar da memória para pôr o conta-quilómetros a zero e, de novo, voltarem a enganar os portugueses".

Citando o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que "recentemente deixou escapar o que lhe vai na alma quando afirmou que, nestas eleições, não importaria que a maioria absoluta seja de PSD/CDS ou do PS, importaria era salvar o prosseguimento da política que vinha a ser executada, invocando como objectivo supremo a estabilidade governativa”, Jerónimo passou ao ataque. "Ao longo dos últimos 39 anos, o que mais houve foram maiorias absolutas - do PS, PSD, PS com CDS, PSD com CDS e até de PS com PSD. Maiorias absolutas que deram estabilidade aos governos, mas que desestabilizaram a vida de milhões de portugueses e conduziram o país à situação em que se encontra", criticou.

Para Jerónimo de Sousa as próximas eleições, marcadas para 4 de Outubro representam "uma escolha entre dois caminhos". Sendo um deles "o prosseguimento do trajecto ruinoso seguido por PS, PSD e CDS” sendo o outro “um caminho novo, com o reforço da CDU para construir e realizar uma política patriótica e de esquerda, alargando a convergência com democratas e patriotas, alicerçada numa profunda convicção de que Portugal tem futuro".

“Camaradas e amigos, está aberta a 39ª edição da Festa do Avante.” Jerónimo Sousa usou esta fórmula pela décima primeira vez, desde que é secretário-geral do PCP (em 2004, ano em que Jerónimo foi eleito para a liderança, ainda foi Carlos Carvalhas que fez o discurso inaugural). De então para cá, coube a Jerónimo abrir o momento em que o PCP junta à política, manifestações culturais e convívio entre militantes, simpatizantes e até fiéis de outras cores.

Desta vez, como em 2009, os comícios ganham uma dimensão diferente, porque as eleições legislativas estão a menos de um mês do horizonte. Alexandre Araújo, do secretariado do comité central do PCP, já havia deixado claro, ainda antes da abertura oficial, que a campanha eleitoral é apenas um dos aspectos a ter em conta: "Não podemos reduzir nunca a 'Festa do Avante!' a uma iniciativa de campanha eleitoral, é muito mais do que isso, mas é uma grande iniciativa que vai certamente também ser uma contribuição importante para o impulso e para o crescimento da CDU nestas eleições”.

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