Já só restam cinco dos 16 secretários de Estado independentes

Dois independentes foram substituídos por um actual e um ex-chefe de gabinetes. Outro secretário de Estado demissionário era vogal na comissão executiva do CDS e foi trocado pelo porta-voz do mesmo partido.

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Cavaco deu posse nesta segunda-feira a três novos secretários de Estado Nuno Ferreira Santos

A nona remodelação governamental operada por Pedro Passos Coelho confirma a tendência que se vem desenhando a cada vez que o primeiro-ministro faz mudanças no Executivo: as nomeações indiciam um círculo cada vez mais estreito no leque de recrutamento para cargos governativos.

As remodelações fizeram igualmente o Governo crescer em tamanho. Em 2011, eram 11 ministros e 36 secretários de Estado. Hoje em dia somam-se 14 ministros e 41 secretários de Estado.

Em dois anos e meio, o número de independentes emagreceu drasticamente. Os secretários de Estado sem qualquer relação com os partidos ou funções políticas anteriores eram 16 quando Cavaco Silva deu posse à equipa original do executivo de Passos Coelho. Agora já só restam cinco: Sérgio Monteiro, Manuel Pinto de Abreu, Leal da Costa, Manuel Teixeira e Leonor Parreira. A esmagadora maioria foi substituída por figuras ligadas aos partidos da coligação ou que já assessoravam os ministros no Governo.

A nomeação de António Moura é disso exemplo. A saída de Fernando Santo elevou aquele que era chefe de gabinete da ministra da Justiça a secretário de Estado da Administração Patrimonial e Equipamentos do Ministério da Justiça. A secretaria da Administração Pública passou também a ser ocupada por um homem com ligações a Governos do PSD. José Leite Martins, que sucedeu ao independente Hélder Rosalino, não é filiado em nenhum partido, mas acumula uma sucessão de nomeações para chefe de gabinete, adjunto e assessor jurídico nos tempos de Durão Barroso enquanto primeiro-ministro.

O ex-deputado e vogal do CDS, Filipe Lobo d’Ávila foi, por seu turno, substituído na Secretaria de Estado da Administração Interna por João Almeida, que é deputado desde 2002, ex-secretário-geral do CDS e actual porta-voz desse partido.

Uma tendência que já se verificara em mexidas anteriores. Ao independente Paulo Braga Lino sucedeu, na Secretaria de Estado da Defesa, a ex-líder do PSD-Açores, Berta Cabral. Alexandre Mestre desocupou a Secretaria do Desporto e Juventude para o deputado ex-secretário-geral do PSD Emídio Guerreiro. Pedro Martins deixou de ser secretário de Estado do Emprego, tendo-lhe sucedido Octávio Oliveira, dirigente distrital e ex-autarca pelo PSD em Torres Novas. Pedro Gonçalves — que era chefe de gabinete da Maria Luís Albuquerque — sucedeu a Carlos Nuno Oliveira na pasta da Inovação, Investimento e Competitividade.

Henrique Gomes saiu da Secretaria de Estado da Energia em Março deste ano. Para o seu lugar foi Artur Trindade, especialista em Regulação Económica e Economia da Energia, que estava na Entidade Reguladora de Serviços Energéticos e não tem qualquer cargo no PSD. Não confundir com o seu pai, que tem o mesmo nome e foi autarca por esse partido e secretário-geral da Associação Nacional de Municípios.

Já José Ferreira Gomes — que substituiu João Filipe Rodrigues Queiró na pasta do Ensino Superior — fora deputado pelo PSD na anterior legislatura. E o também independente Francisco José Viegas foi substituído na Cultura por Jorge Barreto Xavier, cuja ligação ao PSD já vem dos seus tempos de vereador em Oeiras, com Isaltino Morais.
 

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