Investidores "assustam-se" quando ouvem falar de "reestruturação" da dívida, diz Cavaco

Presidente da República considera que o melhor programa cautelar que o país poderia ter seria "um acordo interpartidário entre as diferentes forças políticas".

O Presidente da República alertou esta sexta-feira para a "forma muito negativa" como os investidores estrangeiros reagem quando ouvem falar em reestruturação da dívida, porque a ligam a "perdão" e "assustam-se" em relação a possíveis investimentos no país. Cavaco Silva comentou também a opção do Governo de contrariar o seu veto e insistir nos aumentos das contribuições para a ADSE e outros subsistemas de saúde, como sendo um exemplo da “democracia a funcionar”.

Questionado sobre como está a acompanhar o debate que tem ocorrido nas últimas semanas a propósito da reestruturação da dívida, o Chefe de Estado lembrou que já abordou a questão na mensagem de Ano Novo de 2013, acrescentando apenas que quando os investidores estrangeiros ouvem falar em reestruturação da dívida, "reagem de forma muito negativa".

E acrescentou: “Quando me tenho encontrado ao longo dos tempos com investidores estrangeiros, quando ouvem falar na palavra reestruturação reagem de forma muito negativa. Tenho constatado de facto isso, porque imediatamente ligam essa palavra a perdão de dívida e, portanto, assustam-se em relação a possíveis investimentos no país", detalhou o Presidente da República.

Cavaco Silva referiu-se ainda à aprovação pela Assembleia da República da proposta do Governo que aumenta os descontos para subsistemas de saúde como a ADSE, que tinha vetado.

“É a democracia a funcionar" e “ é o que se chama de poderes e contrapoderes”, comentou. 

"O Governo tem as suas competências, a Assembleia tem as suas competências, é o princípio da separação de poderes, é a democracia a funcionar", reafirmou o chefe de Estado, no final de uma visita à Companhia das Lezírias, no Porto Alto, quando questionado sobre a aprovação na generalidade da proposta de lei do Governo esta manhã.

Sublinhando que o Presidente da República tem a competência constitucional de "analisar, estudar os diplomas" do Governo e da Assembleia da República, Cavaco Silva disse que o que fez foi tomar uma decisão.

"Entendi neste caso vetar o diploma e fiz questão de explicar de forma minuciosa porque é que tomei essa decisão", frisou.

Interrogado pelos jornalistas sobre se considera que houve "teimosia" do Governo liderado por Pedro Passos Coelho, o chefe de Estado disse apenas não querer fazer comentários, escusando-se também a antecipar se voltará a vetar o diploma quando este regressar a Belém.

À margem da visita, o Presidente afirmou ainda que o melhor programa cautelar que Portugal poderia ter seria "um acordo interpartidário entre as diferentes forças políticas".

"A minha posição é muito conhecida, só lhe digo que o melhor programa cautelar que nós poderíamos ter em Portugal é um acordo interpartidário entre as diferentes forças políticas", afirmou.
 

   

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