Henrique Neto indignado com número de políticos a contas com a Justiça

O empresário não considera “normal que um país tão pequeno tenha” tantos “altos cargos do Estado” envolvidos em “escândalos” com a Justiça.

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Pedro Cunha/Arquivo

Na ronda que está a fazer pelos partidos, para dar conta das suas posições e ouvir as propostas que têm para o país, o candidato presidencial Henrique Neto esteve nesta terça-feira na sede do PS, partido do qual é militante, e teve ocasião de mostrar ao presidente Carlos César não só a sua indignação com o número de políticos a contas com a justiça, como também de explicar que o “clima de suspeição e de descrença” em relação aos partidos o faz avançar “com orgulho” como independente.

Apesar de o PS não ter ainda escolhido um candidato presidencial ou dito quem apoia, Henrique Neto está confortável com a sua candidatura: “A minha candidatura é independente dos partidos políticos e tive ocasião de explicar as razões por que é”, afirmou no final do encontro aos jornalistas. E uma delas é precisamente o “clima de suspeição e de descrença que os portugueses têm em relação aos partidos”.

Apesar disso, o empresário faz questão de ressalvar que o PS “é um grande partido democrático”: “Sem deixar de ser socialista, sem deixar de ser militante do PS, apresento-me aos portugueses como independente e faço-o com muito orgulho.”

Um dos temas abordados pelo candidato foi a corrupção. Henrique Neto mostra-se preocupado com o facto de os portugueses estarem “desiludidos com a vida política”, com os partidos, com as “instituições portuguesas”. Entre outros motivos, referiu-se aos “escândalos sucessivos” que envolvem figuras do Estado.

“Não é normal que um país tão pequeno tenha, seja em prisão preventiva, seja já condenados, seja à espera de resposta de decisões dos tribunais superiores”, um “conjunto de pessoas a contas com a justiça como nós temos em Portugal”. E enumerou, entre outros “altos cargos do Estado”, o ex-primeiro-ministro José Sócrates. “Isto não desacredita apenas os partidos políticos, desacredita a todos nós portugueses, no plano internacional.”

Henrique Neto quer que as “relações pecaminosas” às quais assistiu “no passado entre política e negócios” sejam denunciadas pelos partidos. Militante socialista, mas crítico de José Sócrates, não recua um milímetro em relação à opinião que tem defendido: “Bati-me quanto pude durante seis anos, porque o governo que estava em funções cometia erros graves, tomava decisões autoritárias que favoreciam grupos económicos. Era disso que se tratava. Havia demasiados socialistas que não reagiam a isso e o PS é um partido de valores, um partido da ética, tem uma história nesse sentido. Insurgi-me contra aquilo que considerava, e de facto continuo a considerar, que era um desvio inaceitável do próprio PS.”

Apesar destas críticas, num documento distribuído aos jornalistas, Henrique Neto defende que “para um povo saturado e deprimido pela crise, não adianta uma grande disputa política sobre o passado e o presente, assim como sobre os seus responsáveis, que são fáceis de identificar e apontar”.

No mesmo documento, defende que “muito mais importante do que estabilidade governamental é a estabilidade das políticas” e lamenta que “os atrasos na modernização do Estado ou a instabilidade das políticas” sejam “fruto da impreparação para os cargos ocupados e de opções políticas ditadas por interesses concretos”. Por isso, para o candidato, legislativas e presidenciais estão “absolutamente interligadas” e são em conjunto “decisivas para se evitar o agravamento da actual crise”.

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