PSD-Madeira renova lista de Jardim e não exclui coligação

Guilherme Silva não foi avisado que ia sair e diz que para ele o tempo acabou.

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Guilherme Silva é deputado há mais de 20 anos Rui Gaudêncio

O PSD-Madeira vai renovar completamente a lista de candidatos às próximas legislativas e não excluiu a coligação com o CDS. Sem aviso, e após mais de 20 anos na Assembleia da República, Guilherme Silva, actual vice-presidente, é um dos nomes que não irão integrar a lista do PSD-Madeira para as legislativas de Outubro.

O deputado, que chegou ao São Bento em 1991, não se mostrou surpreendido. “O meu tempo acabou, agora é altura de dar lugar a outros nomes, mais jovens e com novas ideias” disse ao PÚBLICO, admitindo que o presidente dos social-democratas madeirenses, Miguel Albuquerque, nada lhe comunicou.

“Falei nos últimos dias com o Dr.º Albuquerque sobre vários assuntos, mas não sobre este. É natural que aconteça uma mudança, tendo em conta a renovação no PSD-Madeira”, afirmou, apesar de não colocar de parte continuar no Parlamento. “Não fazer parte da lista, não significa que deixe de ser deputado”, disse, abrindo a porta a outro círculo eleitoral.

Juntamente com Guilherme Silva, saem da lista Correia de Jesus, Hugo Velosa e Francisco Gomes. Os dois primeiros, são também nomes históricos da Assembleia da República. Correia de Jesus entrou no mesmo ano do que Guilherme Silva, e Hugo Velosa sentou-se no hemiciclo na legislatura seguinte. Francisco Gomes, que entrou em 2014 na Assembleia para substituir Cláudia Monteiro de Aguiar, que foi eleita eurodeputada, também não escapa à "limpeza".

Velosa admite ter ficado surpreendido com o afastamento. “O que sei, sei pelos jornais. Não sei se será uma renovação total ou parcial”, explicou. Apesar da surpresa, o deputado lembra que os cargos políticos “não são vitalícios”.

“Não falei com o presidente do partido sobre isso, mas também é um tema que não me tira o sono”, afirmou, mostrando-se “naturalmente” disponível para apoiar os nomes que saírem da Comissão Política do PSD-Madeira.

Mesmo assim, o deputado não parece muito convencido da saída. “As eleições são em Outubro, e até lá muita coisa pode acontecer”, acrescentou.

Mas, apesar de ainda não estarem a ser discutidos nomes, é mais que certo que os sociais-democratas madeirenses vão renovar completamente a lista de candidatos às próximas legislativas. A lógica de renovação que o PSD de Albuquerque tem demonstrado – perto de 70% dos deputados eleitos no final de Março para a Assembleia da Madeira são nomes novos –, a idade dos actuais deputados e o facto de serem jardinistas torna a mudança consensual no "novo" PSD.

Também a hipótese de uma coligação com o CDS obriga a mexer na lista social-democrata. O tema começa a ser debatido esta quarta-feira, numa reunião da Comissão Política, e faz parte da agenda do Conselho Regional. A coligação com os centristas, que a acontecer será a primeira do PSD na Madeira, que tem sempre ido sozinho às urnas, será discutida durante esta semana.

Apesar de as autonomias terem ficado de fora do acordo pré-eleitoral entre PSD e CDS, uma coligação na Madeira é uma forte possibilidade. No círculo mais próximo de Albuquerque, há quem defenda o acordo sem receio de uma eventual penalização por via da governação de Passos Coelho e Paulo Portas.

Os madeirenses, disse ao PÚBLICO, um membro da Comissão Política, sempre souberam fazer essa diferenciação entre o que são eleições regionais, nacionais ou autárquicas.

O CDS-Madeira também não coloca de parte um acordo, e no recente debate do Programa de Governo Regional, pareciam não saber como se posicionar: ora apoiando, ou criticando.

O próprio Guilherme Silva vê aspectos positivos. “Há, numa e noutra hipótese, aspectos positivos e negativos, que devem ser tidos em conta”, afirma, defendendo que o assunto deve ser abordado em “articulação” com o PSD nacional.

Só depois dessa decisão, que deverá ser conhecida no fim-de-semana, é que os sociais-democratas irão debruçar-se sobre os nomes que irão compor a lista para as legislativas.

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