Governo está a acompanhar situação de português detido em Timor-Leste

Irmã do homem preso manifesta preocupação pela detenção do seu irmão, sem que, até ao momento, tenha sido feita qualquer acusação e com as condições em que este se encontra na prisão.

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José Cesário diz que deputada tem o perfil adequado. PÚBLICO

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesa disse esta quarta-feira estar "muito preocupado" com a situação do cidadão português detido preventivamente em Díli, Timor-Leste, suspeito do crime de branqueamento de capitais, sublinhando estar "a acompanhar a situação".

O português Tiago Guerra foi detido em Díli, juntamente com a mulher, no passado dia 18 de Outubro. Está actualmente em prisão preventiva na cadeia de Becora, em Díli, e a mulher, Fonf Fong Chan, está com Termo de Identidade e Residência (TIR), impossibilitada de sair de Timor-Leste.

Em declarações hoje à agência Lusa, a propósito deste assunto e de queixas de familiares do detido sobre a actuação do Governo português, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, garantiu estar "a acompanhar a situação".

"Estive há pouco tempo em Timor-Leste e falei com variadíssimas entidades e transmiti-lhes a nossa preocupação com a situação. Obviamente salvaguardando uma questão: a de não interferirmos na investigação, nos tribunais", explicou.
José Cesário disse à Lusa ter pedido a várias entidades timorenses "a máxima celeridade no processo" e atenção à saúde do cidadão português.

"Na semana passada, o cidadão em causa foi visitado pelo encarregado da secção consular. Tem sido visitado com regularidade e a família sabe disso. Eu próprio, quando estive em Timor-Leste, falei com a mulher", relatou.

A família de Tiago Guerra iniciou na terça-feira nas redes sociais uma campanha de sensibilização para o caso. Inês Lau, irmã de Tiago Guerra e actualmente a residir no Brasil, é um dos familiares envolvidos na campanha, tendo já enviado uma carta ao primeiro-ministro timorense, Rui Araújo, com conhecimento para o chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, o chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho, e para o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.

Na carta, a que a Lusa teve acesso, Inês Lau manifesta preocupação pela detenção do seu irmão, sem que, até ao momento, tenha sido feita qualquer acusação e com as condições em que este se encontra na prisão.

Nas suas declarações hoje à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades reafirmou que está a acompanhar a situação e sublinhou que a investigação judicial que está a decorrer "é de grande complexidade".

"Tiago Guerra é suspeito de ter participado num crime de branqueamento de capitais. É uma matéria complicada. O possível 'cabeça' da rede está preso nos Estados Unidos da América (EUA) e tem havido troca de informações entre os EUA e Timor-Leste", adiantou José Cesário. De acordo com o governante português, este "é um processo que precisa de tempo".

"Espero que demore o menor tempo possível, mas recordo que estamos a falar de investigações policiais, de um processo-crime, de autoridades criminais e judiciais. Não admitimos em Portugal que haja interferência com a nossa actividade, também não podemos admitir que se passe no exterior. Limitamo-nos a fazer as diligências diplomáticas", enfatizou.

No que diz respeito às condições na prisão, José Cesário vincou que são iguais para Tiago Guerra como para qualquer outro cidadão ali detido. "É igual para ele e para qualquer cidadão timorense, ou seja, as condições são muito más. É a prisão que eles têm. Não está em situação pior do que qualquer cidadão que lá está", considerou.

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